T R A N S I ÇÃO

T R A N S I ÇÃO
Uitonius, um amigo de Júpiter.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Uma nave cor de fogo- Post 137

Conforme o prometido, Percy me procurou e foi, tal qual uma convocação, dizendo:
-Gui, a nossa nave está preparada, aguarda-nos. Podemos ir?
-Eu que acabara de deixar a companhia de Uitonius não relutei: -Estou, sempre pronto para novos conhecimentos e aventuras (falei com leve sorriso).
A nave não era a que eu esperava que nos servisse, aquela pequenina e transparente; era pequena com a cor de braza viva. Um vermelho que parecia incandescente e se alguém à visse nos céus a confundiria com um cometa, ou coisa deste tipo.
Entramos, só nós dois. 
Ela era pequena e deveria comportar umas seis ou setes pessoas de porte normal.
Zarpamos deixando para trás a Segurança. A Terra parecia aumentar de tamanho à medida que nos aproximávamos. Uma visão inesquecível. À nossa esquerda a Lua parecia uma bola de bilhar prateada.

-Que destino tomamos, Gui ?
-Percy, a minha intenção de agora não é presenciar nenhum tipo de conflitos; fome e levantes que se espalham em todos os cantos. Quero ver o planeta em sua exuberância; sua flora, sua fauna, suas riquezas naturais e povos pacíficos. Lembra-te que, contrário a isso, já me mostrastes o suficiente.
-Perfeito, Gui, vimos as lágrimas e não devemos nos esquecer do lado da mãe amorosa, a Terra, que sabe distribuir, de forma quantiqualitativa a quem o mereça, mas devo salientar que o mal e o bem, nesta fase em que a moralidade e o amor convivem parelhados com o egoismo e o desamor, ainda convivem em espaços únicos. A regeneração, quase sempre se traveste da miséria, da mesma forma que a expiação. 
-Não podemos julgar os homens pelos andrajos ou pelas sedas. Atrás de cada ser existe uma história diferente.
Calei-me pela profunda lição que recebia.

Rodamos pelos céus e observamos as maiores cidades e capitais  que o planeta, equivocadamente, denomina de primeiro mundo e, só então, me ocorreu as palavras dos Espíritos que nos ensinaram que o maior dos vícios é o orgulho seguido do egoismo. 

Sobre céus do nosso Brasil observei as mais lindas belezas naturais; as geleiras da Antártida que parecem pacificar o espírito rebelde; os monumentos de nossos ancestrais e a resignação de homens e mulheres, perante às lidas com o dia a dia. Vi, também a luxúria desfreada e as vielas abrigando meninos e jovens entregues e dependentes das drogas mais nocivas. 

Vi homens bem vestidos em busca do lucro fácil e políticos vendendo suas credibilidades no espúrio jogo do poder e das compensações corruptivas. Vi mulheres vendendo o corpo e a alma; descartando filhos indesejáveis pelo aborto clandestino ou, simplesmente, jogando-os em lixeiras. 

Vi o tráfico das drogas em grandes centros urbanos incentivado pelos que de dia vestem peles de cordeiro e à noite se mostram, os lobos que são.

Vi, também, homens de bem. Homens que vivem pelo suor de seus corpos; humanistas e cientistas dedicados à vida dos semelhantes; mestres e educadores.  

-Gui, disse-me Percy, perdoa-me se não te mostrei somente a "alegria e o amor"; a Terra é planeta de provas e expiações e, só agora estaremos entrando na fase da regeneração. Onde formos, sempre veremos lágrimas de mães por seus filhos, homens injustiçados e esquecidos. Os reais valores são, ainda, pela maioria desconhecidos. 
-Bendita a transição, iniciada, exclamou o amigo.

Nada disse.
O que haveria para ser dito?

Nenhum comentário: