T R A N S I ÇÃO

T R A N S I ÇÃO
Uitonius, um amigo de Júpiter.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Atividades da Segurança - Post 143

Aos poucos eles começaram a se despedir. Iam para seus aposentos; merecido descanso. A Grande Nave nunca dormia. Haviam três turnos de cinco horas. Ela se remanejava, de forma orbital que permitia uma divisão de carga horária (proporcionais às nossas) de 15 horas; e assim era medido o tempo de preenchimento  de suas atividades.
Os turnos de trabalho eram, portanto de 5 horas; 5, de tempo para lazer ou outros afazeres e os últimos 5, para o descanso.

Me vi ali, somente eu e Stella. Ela, deu-me a impressão de não me querer solitário, afinal eu não necessitava dormir. Eu tomei a iniciativa e pedi--lhe que fosse descansar. Eu precisava ficar às sós com meus pensamentos.

Ela entendeu. Claro que deve ter entendido!
Sorriu e então senti que ela queria dar-me um abraço. 
Ela abraçou-me fraternalmente, beijou- me o rosto materializado e, sorrindo falou-me taxativa:- Estás aperfeiçoando tua comunicação mental ... vais indo muito bem!

Sentei-me e observava o movimento de ir e vir que jamais parava. Alguns me acenavam e outros apenas sorriam. Lembrei-me de Tagore e esforcei-me para não entristecer.
A figura de Fúlvia sempre surgia em meus pensamentos. Eu já acreditava que naquela história que me fora revelada, sonegaram-me um capítulo.

Pensei nas palavras de Uitonius que justificou de forma singular a minha ousadia como condição para aquela empreitada. 
Eu me sentia um Espírito redimido, em alguns aspectos; ousado pela justiça e pela verdade, me tornara, ...não posso negar, mas, ainda muito longe de abraçar uma tarefa e, mesmo de estar participando de contatos diretos, com seres evoluídos e mesmo com Espíritos, tal qual me encontrava, momentaneamente, sem o corpo físico; apenas, eu Espírito e meu perispírito.
Eu me achava uma pessoa prepotente, fumante inveterado e adorava tomar uma cervejinha; não alimentava ódio por inimigos, porém, quando sentia antipatia, demonstrava-o, claramente. Então, por isso tudo, me perguntava: "Por que eu?"

Nisso pensando, senti uma mão em meu ombro; espantado, não sei porque, olhei e  ali estava o meu maior amigo, Uitonius. Ele apenas sorriu e pediu-me licença para participar dos meus pensamentos e da minha angústia.

-Gui, não te menosprezes tanto. És um bom homem e teu valor se desabrocha. 
-Lembra-te donde Marius pescou à Matheus(coletor de impostos)? Numa banca de cobranças, meio à roubalheira que lhe conferia status e respeito; e acaso Saulo que acabara de apedrejar Estevão, movido pelo ódio não saiu ao encalço do nazareno para aniquilá-lo, quando o soube em Damasco, episódio que o fez Paulo?
-Te digo que, pessoalmente, ele me pediu que te trouxesse de volta ao rebanho. Sabes que ninguém é profeta na própria terra e estas foram palavras dele. Tu sabias que ele foi considerado louco, pelos irmãos e pela própria mãe?
-Ele mascava folhas de figueira(F.Carica), poderoso exitante e tu fumas teus cigarrinhos; ele gostava do vinho amargo e tu das cervejinhas.Não são essas coisas que moldam o caráter de um homem. O caráter do homem é seu Espírito. E o teu é do agrado dele e, viu em você as realizações que nosso Pai lhe conferiu poderes para execução.
Meu Espírito chorava; um choro sem lágrimas materiais. O choro do verdadeiro sentimento.-Tu estás marcado, e falando isso levantou suavemente a minha bata e apontou-me minha cocha direita e, nela estava a marca da videira(O ramo da parreira).

Em toda a minha existência, aquele foi, sem dúvida o momento mais feliz que conheci; comparado somente no dia que ele se dirigiu-me a palavra em um auditório na Segurança e beijou-me a mão. 

E, por isso, escrevo e relato; não me importo  que digam ou pensem e, se me chamarem de louco, como o chamaram, direi, como Paulo o disse:"Sou louco pelo Cristo."

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