T R A N S I ÇÃO

T R A N S I ÇÃO
Uitonius, um amigo de Júpiter.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Detalhes do utencílios dos Extra Terrestres- Parte 2 - Post 160

Continuando a examinar minhas lembranças aos detalhes que me escaparam no Post 159, acrescento algumas outras coisas observadas:

-Sobre salários: Com excessão de Júpiter e Saturno, o sistema é o mesmo da Terra; Vênus, já mais aperfeiçoado que a Terra com os sistemas de  total provisão aos seus habitantes, tais quais: moradia, estudos até quando queira e com graduações, saúde e alimentação básica. Os venusianos elegem seus representantes que forma uma espécie de parlamento e ministros de diversas áreas; são democratas e opinam quando questionados para resoluções importantes. Recebem os "vocuris" (a moeda utilizada em todo o planeta) que varia, segundo aptidões e postos.  

Marte é, tal qual a nossa Idade Média. A força bruta impera e os principados exploram de forma autoritária todas "utopias" de igualdade.

Saturno tem uma centralização que observa a conduta dos 4 grandes blocos (tipo países) que são governados pela maioria de sufrágios. Dão assistência integral, tal qual Vênus, a todos habitantes. A alimentação, por ser mais refinada (legumes, hortaliças, frutos, cereais e peixe) mantém centrais de abastecimento popular, onde cada um solicita o que necessite). As casas são espaçosas e confortáveis por garantia dos governantes dos blocos e nada lhes falta em termos de aparelhagens tecnológicas avançadas e além disso, recebem remuneração e bônus, de acordo com a função de cada um, para a compra de pequenas naves para uso planetário e objetos de uso pessoal ou lazeres diversos. 

Tanto em Vênus quanto em Saturno, como também em Júpiter o mais aperfeiçoado, não existe a intriga e o preconceito. Não se observam diferenças de classes sociais. Os crimes de diversas ordens são páginas de um passado somente estudado na História do Aperfeiçoamento.

Júpiter, como já o fiz em algumas postagens é o núcleo onde nossa concepção consegue chegar se pararmos para analisar o desenvolvimento duma Sociedade Perfeita;  a abnegação à Verdade e ao Altruísmo são os adjetivos muito aquém do que lá se observa.
Não só os habitantes das cidades altas como às das cidades baixas estão irmanados no que poderíamos chamar de cooperativismo de sentimentos elevados. Não se observa o esforço físico; utilizam a mente e para as lavouras e serviços que requerem o trato físico são auxiliados pelos donutos (seres sub-humanos cuja inteligência está aflorando para a racionalidade do Espírito)

Não possuem religião, nos moldes que temos na Terra) pois já se libertaram através da Verdade para à vontade do Criador incriado, Deus! A Lei Natural a que tudo rege. 
Em Marte, é claro, ainda se encontram sob a tutela dos falsos profetas e dos poderes que exploram a crença e a fé, como ainda aqui na Terra.

Sobre o tema de sociabilidade, este é um panorama conciso; uma sinopse acanhada de uma visão destes mundos.

                                            

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Gênese ... Conclusão - Estudos - off

Doutrina dos anjos decaídos e da perda do paraíso (1)

43. - Os mundos progridem, fisicamente, pela elaboração da matéria e, moralmente, pela purificação dos Espíritos que os habitam. A felicidade neles está na razão direta da predominância do bem sobre o mal e a predominância do bem resulta do adiantamento moral dos Espíritos. O progresso intelectual não basta, pois que com a inteligência podem eles fazer o mal.
(1) Quando, na Revue Spirite de janeiro de 1862, publicamos um artigo sobre a interpretação da doutrina dos anjos decaídos, apresentamos essa teoria como simples hipótese, sem outra autoridade afora a de uma opinião pessoal controversível, porque nos faltavam então elementos bastantes para uma afirmação peremptória. Expusemo-la a título de ensaio, tendo em vista provocar o exame da questão, decidido, porém, a abandoná-la ou modificá-la, se fosse preciso. Presentemente, essa teoria já passou pela prova do controle universal. Não só foi bem aceita pela maioria dos espíritas, como a mais racional e a mais concorde com a soberana justiça de Deus, mas também foi confirmada pela generalidade das instruções que os Espíritos deram sobre o assunto. O mesmo se verificou com a que concerne à origem da raca adâmica.
Logo que um mundo tem chegado a um de seus períodos de transformação, a fim de ascender na hierarquia dos mundos, operam-se mutações na sua população encarnada e desencarnada. É quando se dão as grandes emigrações e imigrações (nos 34 e 35). Os que, apesar da sua inteligência e do seu saber, perseveraram no mal, sempre revoltados contra Deus e suas leis, se tornariam daí em diante um embaraço ao ulterior progresso moral, uma causa permanente de perturbação para a tranqüilidade e a felicidade dos bons, pelo que são excluídos da humanidade a que até então pertenceram e tangidos para mundos menos adiantados, onde aplicarão a inteligência e a intuição dos conhecimentos que adquiriram ao progresso daqueles entre os quais passam a viver, ao mesmo tempo que expiarão, por uma série de existências penosas e por meio de árduo trabalho, suas passadas faltas e seu voluntário endurecimento.
Que serão tais seres, entre essas outras populações, para eles novas, ainda na infância da barbárie, senão anjos ou Espíritos decaídos, ali vindos em expiação? Não é, precisamente, para eles, um paraíso perdido a terra donde foram expulsos? Essa terra não lhes era um lugar de delícias, em comparação com o meio ingrato onde vão ficar relegados por milhares de séculos, até que hajam merecido libertar-se dele? A vaga lembrança intuitiva que guardam da terra donde vieram é uma como longínqua miragem a lhes recordar o que perderam por culpa própria.
44. - Mas, ao mesmo tempo que os maus se afastam do mundo em que habitavam, Espíritos melhores aí os substituem, vindos quer da erraticidade, concernente a esse mundo, quer de um mundo menos adiantado, que mereceram abandonar; Espíritos esses para os quais a nova habitação é uma recompensa. Assim renovada e depurada a população espiritual dos seus piores elementos, ao cabo de algum tempo o estado moral do mundo se encontra melhorado.
São às vezes parciais essas mutações, isto é, circunscritas a um povo, a uma raça; doutras vezes, são gerais, quando chega para o globo o período de renovação.
45. - A raça adâmica apresenta todos os caracteres de uma raça proscrita. Os Espíritos que a integram foram exilados para a Terra, já povoada, mas de homens primitivos, imersos na ignorância, que aqueles tiveram por missão fazer progredir, levando-lhes as luzes de uma inteligência desenvolvida. Não é esse, com efeito, o papel que essa raça há desempenhado até hoje? Sua superioridade intelectual prova que o mundo donde vieram os Espíritos que a compõem era mais adiantado do que a Terra. Havendo entrado esse mundo numa nova fase de progresso e não tendo tais Espíritos querido, pela sua obstinação, colocar-se à altura desse progresso, lá estariam deslocados e constituiriam um obstáculo à marcha providencial das coisas. Foram, em consequência, desterrados de lá e substituídos por outros que isso mereceram.
Relegando aquela raça para esta terra de labor e de sofrimentos, teve Deus razão para lhe dizer: «Dela tirarás o alimento com o suor da tua fronte.» Na sua mansuetude, prometeu-lhe que lhe enviaria um Salvador, isto é, um que a esclareceria sobre o caminho que lhe cumpria tomar, para sair desse lugar de miséria, desse inferno, e ganhar a felicidade dos eleitos. Esse Salvador ele, com efeito, lho enviou, na pessoa do Cristo, que lhe ensinou a lei de amor e de caridade que ela desconhecia e que seria a verdadeira âncora de salvação.
É igualmente com o objetivo de fazer que a Humanidade se adiante em determinado sentido que Espíritos superiores, embora sem as qualidades do Cristo, encarnam de tempos a tempos na Terra para desempenhar missões especiais, proveitosas, simultaneamente, ao adiantamento pessoal deles, se as cumprirem de acordo com os desígnios do Criador.
46. - Sem a reencarnação, a missão do Cristo seria um contra-senso, assim como a promessa feita por Deus. Suponhamos, com efeito, que a alma de cada homem seja criada por ocasião do nascimento do corpo e não faça mais do que aparecer e desaparecer da Terra: nenhuma relação haveria entre as que vieram desde Adão até Jesus-Cristo, nem entre as que vieram depois; todas são estranhas umas às outras. A promessa que Deus fez de um Salvador não poderia entender-se com os descendentes de Adão, uma vez que suas almas ainda não estavam criadas. Para que a missão do Cristo pudesse corresponder às palavras de Deus, fora mister se aplicassem às mesmas almas. Se estas são novas, não podem estar maculadas pela falta do primeiro pai, que é apenas pai carnal e não pai espiritual. A não ser assim, Deus houvera criado almas com a mácula de uma falta que não podia deixar nelas vestígio, pois que elas não existiam. A doutrina vulgar do pecado original implica, conseguintemente, a necessidade de uma relação entre as almas do tempo do Cristo e as do tempo de Adão; implica, portanto, a reencarnação.
Dizei que todas essas almas faziam parte da colônia de Espíritos exilados na Terra ao tempo de Adão e que se achavam manchadas dos vícios que lhes acarretaram ser excluídas de um mundo melhor e tereis a única interpretação racional do pecado original, pecado peculiar a cada indivíduo e não resultado da responsabilidade da falta de outrem a quem ele jamais conheceu. Dizei que essas almas ou Espíritos renascem diversas vezes na Terra para a vida corpórea, a fim de progredirem, depurando-se; que o Cristo veio esclarecer essas mesmas almas, não só acerca de suas vidas passadas, como também com relação às suas vidas ulteriores e então, mas só então, lhe dareis à missão um sentido real e sério, que a razão pode aceitar.
Fonte// A Gênese                        

                                                             

Gênese Espiritua// Reencarnação//Emigrações e Imigrações- Estudos -Off

Reencarnações

33. - O princípio da reencarnação é uma conseqüência necessária da lei de progresso. Sem a reencarnação, como se explicaria a diferença que existe entre o presente estado social e o dos tempos de barbárie? Se as almas são criadas ao mesmo tempo que os corpos, as que nascem hoje são tão novas, tão primitivas, quanto as que viviam há mil anos; acrescentemos que nenhuma conexão haveria entre elas, nenhuma relação necessária; seriam de todo estranhas umas às outras. Por que, então, as de hoje haviam de ser melhor dotadas por Deus, do que as que as precederam? Por que têm aquelas melhor compreensão? Por que possuem instintos mais apurados, costumes mais brandos? Por que têm a intuição de certas coisas, sem as haverem aprendido? Duvidamos de que alguém saia desses dilemas, a menos admita que Deus cria almas de diversas qualidades, de acordo com os tempos e lugares, proposição inconciliável com a idéia de uma justiça soberana. (Cap. II, nº 10.)
Admiti, ao contrário, que as almas de agora já viveram em tempos distantes; que possivelmente foram bárbaras como os séculos em que estiveram no mundo, mas que progrediram; que para cada nova existência trazem o que adquiriram nas existências precedentes; que, por conseguinte, as dos tempos civilizados não são almas criadas mais perfeitas, porém que se aperfeiçoaram por si mesmas com o tempo, e tereis a única explicação plausível da causa do progresso social. (O Livro dos Espíritos, Parte 2ª, caps. IV e V.)
34. - Pensam alguns que as diferentes existências da alma se efetuam, passando elas de mundo em mundo e não num mesmo orbe, onde cada Espírito viria uma única vez.
Seria admissível esta doutrina, se todos os habitantes da Terra estivessem no mesmo nível intelectual e moral. Eles então só poderiam progredir indo de um mundo a outro e nenhuma utilidade lhes adviria da encarnação na Terra. Desde que aí se notam a inteligência e a moralidade em todos os graus, desde a selvajaria que beira o animal até a mais adiantada civilização, é evidente que esse mundo constituí um vasto campo de progresso Por que haveria o selvagem de ir procurar alhures o grau de progresso logo acima do em que ele está, quando esse grau se lhe acha ao lado e assim sucessivamente? Por que não teria podido o homem adiantado fazer os seus primeiros estágios senão em mundos inferiores, quando ao seu derredor estão seres análogos aos desses mundos? quando, não só de povo a povo, mas no seio do mesmo povo e da mesma família, há diferentes graus de adiantamento? Se fosse assim, Deus houvera feito coisa inútil, colocando lado a lado a ignorância e o saber, a barbaria e a civilização, o bem e o mal, quando precisamente esse contacto é que faz que os retardatários avancem.
Não há, pois, necessidade de que os homens mudem de inundo a cada etapa de aperfeiçoamento, como não há de que o estudante mude de colégio para passar de uma classe a outra. Longe de ser isso vantagem para o progresso, ser-lhe-ia um entrave, porquanto o Espírito ficaria privado do exemplo que lhe oferece a observação do que ocorre nos graus mais elevados e da possibilidade de reparar seus erros no mesmo meio e em presença dos a quem ofendeu, possibilidade que é, para ele, o mais poderoso modo de realizar o seu progresso moral. Após curta coabitação, dispersando-se os Espíritos e tornando-se estranhos uns aos outros, romper-se-iam os laços de família, à falta de tempo para se consolidarem.
Ao inconveniente moral se juntaria um inconveniente material. A natureza dos elementos, as leis orgânicas, as condições de existência variam, de acordo com os mundos; sob esse aspecto, não há dois perfeitamente idênticos. Os tratados de Física, de Química, de Anatomia, de Medicina, de Botânica, etc., para nada serviriam nos outros mundos; entretanto, não fica perdido o que neles se aprende; não só isso desenvolve a inteligência, como também as idéias que se colhem de tais obras auxiliam a aquisição de outras. (Cap. VI, nos 61 e seguintes.) Se apenas uma única vez fizesse o Espírito a sua aparição, freqüentemente brevíssima, num mesmo mundo, em cada imigração ele se acharia em condições inteiramente diversas; operaria de cada vez sobre elementos novos, com força e segundo leis que desconheceria, antes de ter tido tempo de elaborar os elementos conhecidos, de os estudar, de os aplicar. Teria de fazer, de cada vez, um novo aprendizado e essas mudanças contínuas representariam um obstáculo ao progresso. O Espírito, portanto, tem que permanecer no mesmo mundo, até que haja adquirido a soma de conhecimentos e o grau de perfeição que esse mundo comporta. (Nº 31.)
Que os Espíritos deixem, por um mundo mais adiantado, aquele do qual nada mais podem auferir, é como deve ser e é. Tal o princípio. Se alguns há que antecipadamente deixam o mundo em que vinham encarnando, é isso devido a causas individuais que Deus pesa em sua sabedoria.
Tudo na criação tem uma finalidade, sem o que Deus não seria nem prudente, nem sábio. Ora, se a Terra se destinasse a ser uma única etapa do progresso para cada indivíduo, que utilidade haveria, para os Espíritos das crianças que morrem em tenra idade, vir passar aí alguns anos, alguns meses, algumas horas, durante os quais nada podem haurir dele? O mesmo ocorre se pondere com referência aos idiotas e aos cretinos. Uma teoria somente é boa sob a condição de resolver todas as questões a que diz respeito. A questão das mortes prematuras há sido uma pedra de tropeço para todas as doutrinas, exceto para a Doutrina Espírita, que a resolveu de maneira racional e completa.
Para o progresso daqueles que cumprem na Terra uma missão normal, há vantagem real em volverem ao mesmo meio para aí continuarem o que deixaram inacabado, muitas vezes na mesma família ou em contacto com as mesmas pessoas, a fim de repararem o mal que tenham feito, ou de sofrerem a pena de talião.

Emigrações e imigrações dos Espíritos

35. - No intervalo de suas existências corporais, os Espíritos se encontram no estado de erraticidade e formam a população espiritual ambiente da Terra. Pelas mortes e pelos nascimentos, as duas populações, terrestre e espiritual, deságuam incessantemente uma na outra. Há, pois, diariamente, emigrações do mundo corpóreo para o mundo espiritual e imigrações deste para aquele: é o estado normal.
36. - Em certas épocas, determinadas pela sabedoria divina, essas emigrações e imigrações se operam por massas mais ou menos consideráveis, em virtude das grandes revoluções que lhes ocasionam a partida simultânea em quantidades enormes, logo substituídas por equivalentes quantidades de encarnações. Os flagelos destruidores e os cataclismos devem, portanto, considerar-se como ocasiões de chegadas e partidas coletivas, meios providenciais de renovamento da população corporal do globo, de ela se retemperar pela introdução de novos elementos espirituais mais depurados. Na destruição, que por essas catástrofes se verifica, de grande número de corpos, nada mais há do que rompimento de vestiduras; nenhum Espírito perece; eles apenas mudam de planos; em vez de partirem isoladamente, partem em bandos, essa a única diferença, visto que, ou por uma causa ou por outra, fatalmente têm que partir, cedo ou tarde.
As renovações rápidas, quase instantâneas, que se produzem no elemento espiritual da população, por efeito dos flagelos destruidores, apressam o progresso social; sem as emigrações e imigrações que de tempos a tempos lhe vêm dar violento impulso, só com extrema lentidão esse progresso se realizaria.
É de notar-se que todas as grandes calamidades que dizimam as populações são sempre seguidas de uma era de progresso de ordem física, intelectual, ou moral e, por conseguinte, no estado social das nações que as experimentam. É que elas têm por fim operar uma remodelação na população espiritual, que é a população normal e ativa do globo.
37. - Essa transfusão, que se efetua entre a população encarnada e desencarnada de um planeta, igualmente se efetua entre os mundos, quer individualmente, nas condições normais, quer por massas, em circunstâncias especiais. Há, pois, emigrações e imigrações coletivas de um mundo para outro, donde resulta a introdução, na população de um deles, de elementos inteiramente novos. Novas raças de Espíritos, vindo misturar-se às existentes, constituem novas raças de homens. Ora, como os Espíritos nunca mais perdem o que adquiriram, consigo trazem eles sempre a inteligência e a intuição dos conhecimentos que possuem, o que faz que imprimam o caráter que lhes é peculiar à raça corpórea que venham animar. Para isso, só necessitam de que novos corpos sejam criados para serem por eles usados. Uma vez que a espécie corporal existe, eles encontram sempre corpos prontos para os receber. Não são mais, portanto, do que novos habitantes. Em chegando à Terra, integram-lhe, a princípio, a população espiritual; depois, encarnam, como os outros.
Ft. A Gênese-AKardec

                                            

domingo, 25 de setembro de 2011

Detalhes de utensílios dos Extra-terrestres - Como são- Post 159

À titulo de de curiosidades, posto alguns detalhes que percebi com minhas experiências na Segurança;

Os assentos metálicos eram macios, embora não se tratassem de tecido e sim metálicos.

Os copos em que tomavam sucos e água eram parecidos com cristais de espessura fina; estilos copos e taças de vários tamanhos.

As alpargatas pareciam de serem feitas de tecido natural (algodão);

As roupas, algumas pareciam seda e a maioria linho.

As paredes metalizadas emitiam temperaturas adequadas ao ambiente.

A claridade dos ambientes pareciam não ter fonte; era um "todo" claro.

Não haviam adoçantes para  os sucos; o doce era natural. Quando estive na base e , então, pude provar dos sucos e alimentos, lembrou-me, meu paladar de frutas cítricas de nossa flora e os pãezinhos e biscoitos, o trigo e o amido de milho.

Eles comem rabanetes (um prato favorito) crus com um molho que lembra à soja (shoyu), uma couve-flor avermelhada, e diversas frutas conhecidas por nós: carambolas, pitangas, um tipo de pêssego bem amarelado (origem de Saturno), frutinhas vermelhas de vários nomes (lembrando às nossas cerejas, etc, etc.

As mulheres cortam seus cabelos de diversas formas, como nós e, quando compridos os prendem ao lado da nuca ou ao estilo rabo-de-cavalo;Usam batas compridas e bermudas até o joelho; e macacões, quando em serviço.

Quase todos os homens tem barbas e bigodes aparados de diversas formas. Usam batas, calças pantalonas e macacões (uniforme de serviço) de várias cores.
Quando saem em expedições em naves, usam macacões inteiriços, colados ao corpo de cores que identificam seus afazeres e posições nas naves, de material metalizado.

Algumas mulheres utilizam braceletes e colares discretos que, imaginei, serem usados em seus planetas de origem. Lábios avermelhados dispensam o baton. São perfumadas )percebi isso na base brasileira)

Os casais tem cabines próprias para conviverem; o mesmo com os casais homossexuais. (não são muitos).

Adoram música e os concertos são programas periódicos.

Sobre diversões, eles jogam um jogo parecido com o xadrez, fazem execício em locais parecidos com nossas academias e reúnem-se em grupos para conversas de temas diversos. Riem muito.

Respeitam-se, estejam na posição hierárquica que lhes caibam, e tratam-se pelo primeiro nome.

Metade deles conversam de forma mental mas não dispensam palavras àqueles que ainda sentem dificuldade no hábito da comunicação mental.

Tratam os donutos com carinho e muitos parecem adotar um deles.

Fronius é adotado por Flamínio e já seguem juntos por mais de cem anos (dos nossos).

O estudo nunca é dispensado. Apesar de afazeres a que se dediquem, estão sempre em palestras, centros de tecnologias e outras áreas mais. Não há ociosidade; inveja e maus tratos. 

Flamínio é mestre em comunicações e comando de naves; geralmente faz palestras e tem um grupo que faz com ele um tipo de pós-graduação.

Assistem pelas telas ideio-plasmáticas noticiários de várias Orbes e mais do Brasil que é o campo em que atuam; não julgam homens ou formas de governos. Tudo é aprendizado natural.

Recolhem-se, por vezes em meditação e eu acredito que estejam buscando a fonte da Vida: Deus.

Em outra oportunidade continuarei a falar de seus modos de ser. 




Intervenção dos Espíritos ... - A quem interessar- Estudo - OFF

Afeição dos Espíritos por certas pessoas

484 Os Espíritos se afeiçoam de preferência a certas pessoas?
– Os bons Espíritos simpatizam com os homens de bem ou passíveis de se melhorarem. Os Espíritos inferiores, com os homens viciosos ou que possam vir a sê-lo; daí sua afeição por causa da semelhança dos sentimentos.
485 A afeição dos Espíritos por algumas pessoas é exclusivamente moral?
– A afeição verdadeira não tem nada de carnal; mas, quando um Espírito se liga a uma pessoa, nem sempre é só por afeição, pode haver lembranças das paixões humanas.
486 Os Espíritos se interessam por nossa infelicidade e nossa prosperidade? Aqueles que nos querem bem se afligem com os males que passamos na vida?
– Os bons Espíritos fazem o bem tanto quanto lhes é possível e ficam felizes com todas as vossas alegrias. Afligem-se com os vossos males quando não os suportais com resignação, porque nenhum resultado benéfico trazem para vós; sois, então, como o doente que rejeita o remédio amargo que deve curá-lo.
487 De que mal os Espíritos se afligem mais por nós: o físico ou o moral?
– Do vosso egoísmo e dureza de coração: daí deriva tudo. Eles se riem de todos esses males imaginários que nascem do orgulho e da ambição e se alegram com aqueles que servem para abreviar vosso tempo de prova.

  1.  Os Espíritos, sabendo que a nossa vida corporal é apenas transitória e que angústias são meios de chegar a um estado melhor, se afligem mais pelas causas morais que nos distanciam deles do que pelas físicas, que são apenas passageiras.

Os Espíritos não se prendem muito às infelicidades que afetam apenas nossas idéias mundanas, assim como fazemos com os desgostos infantis das crianças.
Os Espíritos que vêem nas aflições da vida um meio de adiantamento para nós as consideram como a crise momentânea que deve salvar o doente. Compadecem-se com os nossos sofrimentos como nos compadecemos com os de um amigo. Mas, vendo as coisas como vêem, de um ponto de vista mais justo, as apreciam de outro modo, e enquanto os bons estimulam nossa coragem no interesse de nosso futuro, os maus nos incitam ao desespero com o propósito de nos comprometer.
488 Os parentes e amigos, que nos precederam na vida espiritual, têm por nós mais simpatia do que os Espíritos estranhos?
– Sem dúvida, e muitas vezes vos protegem como Espíritos, conforme tenham poder para tanto.
488 a São sensíveis à afeição que nós lhes devotamos?
– Muito sensíveis, mas esquecem aqueles que os esquecem.

Anjos de guarda; Espíritos protetores, familiares ou simpáticos

489 Há Espíritos que se ligam a um indivíduo em particular para protegê-lo?
– Sim, o irmão espiritual; é o que chamais de bom Espírito ou bom gênio.
490 O que se deve entender por anjo de guarda?
– O Espírito protetor de uma ordem elevada.
491 Qual é a missão do Espírito protetor?
– A de um pai para com seus filhos: conduzir seu protegido ao bom caminho, ajudá-lo com seus conselhos, consolá-lo em suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida.
492 O Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde seu nascimento?
– Desde o nascimento até a morte e, muitas vezes, o segue após a morte na vida espiritual, e mesmo em muitas existências corporais, porque essas existências são somente fases bem curtas em relação à vida do Espírito.
493 A missão do Espírito protetor é voluntária ou obrigatória?
– O Espírito é obrigado a velar por vós, se aceitou essa tarefa. Mas escolhe os seres que lhes são simpáticos. Para uns é um prazer; para outros, uma missão ou um dever.
493 a Ao se ligar a uma pessoa o Espírito renuncia a proteger outros indivíduos?
– Não, mas não faz só isso, exclusivamente.
494 O Espírito protetor está inevitavelmente ligado à criatura confiada à sua guarda?
– Pode ocorrer que alguns Espíritos tenham que deixar sua posição para realizar diversas missões, mas nesse caso são substituídos.
495 O Espírito protetor abandona algumas vezes seu protegido quando este é rebelde aos seus conselhos?
– Ele se afasta quando vê que seus conselhos são inúteis e a vontade de aceitar a influência dos Espíritos inferiores é mais forte no seu protegido. Mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir; é, porém, o homem quem fecha os ouvidos. O protetor volta logo que seja chamado.
É uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos por seu encanto e por sua doçura: a dos anjos de guarda. Pensar que se tem sempre perto de si seres superiores, sempre prontos para aconselhar, sustentar, ajudar a escalar a áspera montanha do bem, que são amigos mais seguros e devotados que as mais íntimas ligações que se possa ter na Terra, não é uma idéia bem consoladora? Esses seres estão ao vosso lado por ordem de Deus,que por amor os colocou perto de vós, cumprindo uma bela, embora difícil, missão. Sim, em qualquer lugar onde estiverdes estarão convosco: nas prisões, nos hospitais, nos lugares de devassidão, na solidão, nada vos separa desses amigos que não podeis ver, mas de quem vossa alma sente os mais doces estímulos e ouve os sábios conselhos.

  1. Deveríeis conhecer melhor essa verdade! Quantas vezes vos ajudaria nos momentos de crise; quantas vezes vos salvaria dos maus Espíritos! Mas no dia decisivo, esse anjo do bem terá que vos dizer: “Não te disse isso? E tu não o fizeste. Não te mostrei o abismo? E tu aí te precipitaste. Não te fiz ouvir na tua consciência a voz da verdade? E não seguiste os conselhos da mentira?” Ah! Interrogai os vossos anjos de guarda; estabelecei entre eles e vós essa ternura íntima que reina entre os melhores amigos. Não penseis em lhes esconder nada, porque eles são os olhos de Deus e não podeis enganá-los. Sonhai com o futuro. Procurai avançar nessa vida e vossas provas serão mais curtas;vossas existências, mais felizes. Vamos, homens de coragem! Atirai para longe de vós de uma vez por todas os preconceitos e idéias retrógradas. Entrai no novo caminho que se abre diante de vós. Marchai! Marchai! Tendes guias, segui-os: o objetivo não pode vos faltar, porque esse objetivo é o próprio Deus.

Aos que pensam que é impossível para os Espíritos verdadeiramente elevados se sujeitarem a uma tarefa tão árdua e de todos os instantes, diremos que influenciamos vossas almas estando a milhões e milhões de quilômetros. Para nós o espaço não é nada e, embora vivendo em outro mundo, nossos Espíritos conservam sua ligação com o vosso. Nós podemos usar de faculdades que não podeis compreender, mas ficais certos de que Deus não nos impôs uma tarefa acima de nossas forças e não vos abandonou sozinhos na Terra sem amigos e sem apoio. Cada anjo de guarda tem seu protegido por quem vela, como um pai vela pelo seu filho. Fica feliz quando o vê no bom caminho; fica triste quando seus conselhos são desprezados.
Não temais nos cansar com vossas questões. Ao contrário, procurai estar sempre em relação conosco: sereis mais fortes e felizes. São essas comunicações de cada homem com seu Espírito familiar que fazem de todos os homens médiuns, médiuns ignorados hoje, mas que se manifestarão mais tarde e que se espalharão como um oceano sem limites para repelir a incredulidade e a ignorância. Homens instruídos, instruí os vossos irmãos; homens de talento, elevai vossos irmãos. Não sabeis que obra cumprireis assim: é a do Cristo, a que Deus vos conferiu. Por que Deus vos deu a inteligência e a ciência, senão para as repartir com vossos irmãos, para fazê-los adiantarem-se no caminho da alegria e da felicidade eterna?
São Luís, Santo Agostinho

  •  A doutrina dos anjos de guarda, velando sobre seus protegidos apesar da distância que separa os mundos, não tem nada que deva surpreender; é, ao contrário, grande e sublime. Não vemos na Terra um pai velar pelo seu filho, embora esteja afastado dele, ajudá-lo com seus conselhos por correspondência? O que haveria, então, de espantoso em que os Espíritos pudessem guiar aqueles que tomam sob sua proteção, de um mundo a outro, uma vez que para eles a distância que separa os mundos é menor do que aquela que, na Terra, separa os continentes? Eles não dispõem, por outro lado, do fluido universal, que liga todos os mundos e os torna solidários, veículo magnífico da transmissão dos pensamentos, como o ar é, para nós, o veículo da transmissão do som?

496 O Espírito que abandona seu protegido, não lhe fazendo mais o bem, pode lhe fazer o mal?
– Os bons Espíritos nunca fazem o mal; deixam que o façam os que tomam o seu lugar. Acusais, então, a sorte pelas infelicidades que vos acontecem, quando a culpa é vossa.
497 O Espírito protetor pode deixar seu protegido sob a dependência de um Espírito que poderia lhe querer o mal?
– Os maus Espíritos se unem para neutralizar a ação dos bons. Se o protegido quiser, receberá toda a força de seu bom Espírito. O bom Espírito encontra, em algum lugar, uma boa vontade para ajudar; aproveita-se disso enquanto espera retornar para junto do seu protegido.
498 Quando o Espírito protetor deixa seu protegido se transviar no caminho, é por sua incapacidade na luta contra outros Espíritos maldosos?
– Não. Não é porque ele não possa impedir, mas porque não quer. Isso faz seu protegido sair das provas mais perfeito e instruído; ele o assiste com seus conselhos, pelos bons pensamentos que lhe sugere, mas, infelizmente, nem sempre são escutados. Somente a fraqueza, a negligência ou orgulho do homem é que dão força aos maus Espíritos; o poder que têm sobre vós resulta de não lhes fazer resistência.
499 O Espírito protetor está constantemente com seu protegido? Não há nenhuma circunstância em que, sem abandoná-lo, o perca de vista?
– Há circunstâncias em que a presença do Espírito protetor não é necessária junto de seu protegido.
500 Chega um momento em que o Espírito não tem mais necessidade de um anjo de guarda?
– Sim, quando atingiu um grau de poder conduzir-se a si mesmo, como chega o momento para o estudante em que não tem mais necessidade do mestre; mas isso não sucederá para vós aqui na Terra.
501 Por que a ação dos Espíritos sobre nossa existência é oculta e por que, quando nos protegem, não o fazem de um maneira ostensiva?
– Se contásseis com o seu apoio, não agiríeis por vós mesmos, e vosso Espírito não progrediria. Para progredir, vos é preciso experiência e, muitas vezes, é preciso adquiri-la à própria custa. É preciso que exerça suas forças; sem isso seria como uma criança a quem não se deixa caminhar sozinha. A ação dos Espíritos que vos querem bem é sempre regida de maneira a não impedir o vosso livre-arbítrio, visto que, se não tiverdes responsabilidade, não avançareis no caminho que deve conduzir a Deus. O homem, não vendo quem o ampara, confia em suas próprias forças; seu guia, entretanto, vela sobre ele e, de tempos em tempos, o adverte do perigo.
502 O Espírito protetor que consegue conduzir seu protegido no bom caminho tem alguma recompensa?
– É um mérito que lhe é levado em conta para seu próprio adiantamento ou para sua felicidade. É feliz quando vê seus esforços coroados de sucesso; triunfa como um mestre triunfa com o sucesso de seu discípulo.
502 a Ele é responsável se não tiver êxito?
– Não, uma vez que fez o que dependia dele.
503 O Espírito protetor sofre quando vê seu protegido seguir o mau caminho, apesar de seus conselhos? Isso não é para ele uma causa de perturbação para sua felicidade?
– Ele sofre com esses erros e o lastima; mas essa aflição não tem as angústias da paternidade terrestre, porque sabe que há remédio para o mal, e o que não é feito hoje se fará amanhã.
504 Podemos sempre saber o nome do nosso Espírito protetor ou anjo de guarda?
– Como quereis saber nomes que não existem para vós? Acreditais que haverá entre os Espíritos somente aqueles que conhecestes?
504 a Como, então, invocá-lo se não o conhecemos?
– Dai-lhe o nome que quiserdes, de um Espírito Superior pelo qual tendes simpatia ou veneração; vosso Espírito protetor atenderá ao chamado; todos os bons Espíritos são irmãos e se assistem entre si.
505 Os Espíritos protetores que tomam nomes conhecidos são sempre, realmente, os das pessoas que usaram esses nomes?
– Não, mas dos Espíritos que lhes são simpáticos e que muitas vezes vêm a seu chamado. Fazeis questão de nomes, então, tomam um que inspire confiança. Quando não podeis realizar uma missão pessoalmente, costumais mandar alguém de confiança em vosso nome.
506 Quando estivermos na vida espírita reconheceremos nosso Espírito protetor?
– Sim. Muitas vezes já o conhecíeis antes da vossa encarnação.
507 Os Espíritos protetores pertencem todos à classe dos Espíritos Superiores? Pode-se encontrar entre os de classe intermediária? Um pai, por exemplo, pode tornar-se protetor de seu filho?
– Pode. Mas a proteção supõe um certo grau de elevação e um poder ou uma virtude concedidos por Deus. O pai que protege seu filho pode, por sua vez, ser assistido por um Espírito mais elevado.
508 Os Espíritos que deixaram a Terra em boas condições podem sempre proteger os que amam e que lhes sobrevivem?
– Seu poder é mais ou menos restrito; a posição em que se encontram não lhes dá toda a liberdade de ação.
509 Os homens no estado selvagem ou de inferioridade moral têm igualmente seus Espíritos protetores? E, nesse caso, esses Espíritos são de ordem tão elevada quanto a dos protetores dos homens mais avançados?
– Cada homem tem um Espírito que vela por ele, mas as missões são relativas ao seu objetivo. Não dareis a uma criança que começa a aprender a ler um professor de filosofia. O progresso do Espírito familiar segue de perto o do Espírito protegido. Tendo vós mesmos um Espírito Superior que vela por vós, podeis, também, tornar-vos protetor de um Espírito inferior, e os progressos que o ajudardes a fazer contribuirão para o vosso adiantamento. Deus não pede ao Espírito mais do que sua natureza comporta e o grau de elevação a que alcançou.
510 Quando o pai que vela por um filho reencarna, continua a velar por ele?
– É mais difícil que isso aconteça. Mas, de certa maneira, continua, ao pedir, num momento de desprendimento, a um Espírito simpático que o assista nessa missão. Aliás, os Espíritos apenas aceitam missões que podem cumprir até o fim.
O Espírito encarnado, principalmente nos mundos em que a existência é material, está muito submetido ao seu corpo para poder ser inteiramente devotado a um outro Espírito e poder assisti-lo pessoalmente. Eis por que aqueles que não são suficientemente elevados são assistidos por Espíritos Superiores, de tal modo que, se um falta por uma causa qualquer, é substituído por outro.
511 Além do Espírito protetor, haverá também um mau Espírito ligado a cada indivíduo com o fim de o expor ao mal e lhe fornecer ocasião de lutar entre o bem e o mal?
– Ligado não é bem a palavra. É bem verdade que os maus Espíritos procuram desviá-lo do bom caminho quando encontram ocasião; mas quando um deles se liga a um indivíduo, o faz por si mesmo, porque espera ser escutado. Desse modo, há a luta entre o bom e o mau e vence aquele por quem o homem se deixa influenciar.
512 Podemos ter muitos Espíritos protetores?
– Cada homem sempre tem Espíritos simpáticos, mais ou menos elevados, que lhe dedicam afeição e se interessam por ele, como igualmente tem os que o assistem no mal.
513 Os Espíritos que nos são simpáticos agem em cumprimento de uma missão?
– Algumas vezes, podem ter uma missão temporária, mas quase sempre são atraídos pela semelhança de pensamentos e de sentimentos, tanto para o bem quanto para o mal.
513 a Parece resultar disso que os Espíritos simpáticos podem ser bons ou maus?
– Sim, o homem encontra sempre Espíritos que simpatizam com ele, qualquer que seja o seu caráter.
514 Os Espíritos familiares são os mesmos Espíritos simpáticos ou protetores?
– Há muitas gradações na proteção e na simpatia; dai-lhes os nomes que quiserdes. O Espírito familiar é antes o amigo da casa.
 Das explicações acima e das observações feitas sobre a natureza dos Espíritos que se ligam ao homem pode-se deduzir o seguinte:
O Espírito protetor, anjo de guarda ou bom gênio tem por missão seguir o homem na vida e ajudá-lo a progredir. É sempre de natureza superior à do protegido.
Os Espíritos familiares se ligam a certas pessoas por laços mais ou menos duráveis, para ajudá-las conforme seu poder, muitas vezes limitado. São bons, mas, às vezes, pouco avançados e mesmo um pouco levianos; ocupam-se voluntariamente dos detalhes da vida íntima e somente agem por ordem ou com permissão dos Espíritos protetores.
Os Espíritos simpáticos se ligam a nós por afeições particulares e certa semelhança de gostos e de sentimentos tanto para o bem quanto para o mal. A duração de suas relações é quase sempre subordinada às circunstâncias.
O mau gênio é um Espírito imperfeito ou perverso que se liga ao homem para desviá-lo do bem, mas age por sua própria iniciativa e não no cumprimento de uma missão. A constância da sua ação está em razão do acesso mais ou menos fácil que encontra. O homem tem a liberdade para escutar-lhe a voz ou rejeitá-la.
515 O que pensar dessas pessoas que parecem se ligar a certos indivíduos para os levar fatalmente à perdição ou para guiá-los no bom caminho?
– Algumas pessoas exercem, de fato, sobre outras uma espécie de fascinação que parece irresistível. Quando isso acontece para o mal, são maus Espíritos que se servem de outros igualmente maus para melhor poderem subjugar. A Providência permite que isso ocorra para vos por à prova.
516 Nosso bom e mau gênio poderiam encarnar para nos acompanhar na vida de uma maneira mais direta?
– Isso pode acontecer. Porém, freqüentemente encarregam dessa missão outros Espíritos encarnados que lhes são simpáticos.
517 Há Espíritos que se ligam a toda uma família para protegê-la?
– Alguns Espíritos se ligam aos membros de uma família em conjunto e que são unidos pela afeição, mas não acrediteis em Espíritos protetores do orgulho das raças.
518 Os Espíritos que são atraídos para os indivíduos pela sua simpatia também o são para as reuniões de indivíduos em razão de causas particulares?
– Os Espíritos vão de preferência onde estão seus semelhantes; lá estão mais à vontade e mais certos de serem escutados. O homem atrai os Espíritos em razão de suas tendências, quer esteja só ou formando uma coletividade, como uma sociedade, uma cidade ou um povo. Há, portanto, sociedades, cidades e povos que são assistidos por Espíritos mais ou menos elevados, segundo o caráter e as paixões que os dominam. Os Espíritos imperfeitos se afastam daqueles que os repelem; resulta disso que o aperfeiçoamento moral de todas as coletividades, como o dos indivíduos, tende a afastar os maus Espíritos e atrair os bons, que estimulam e mantêm o sentimento do bem nas massas, como outros podem estimular as paixões grosseiras.
519 As aglomerações de indivíduos, como as sociedades, as cidades, as nações, têm seus Espíritos protetores especiais?
– Sim, porque são de individualidades coletivas que marcham com um objetivo comum e têm necessidade de uma direção superior.
520 Os Espíritos protetores das massas são de natureza mais elevada do que os que se ligam aos indivíduos?
– Tudo é relativo ao grau de adiantamento tanto das massas como dos indivíduos.
521 Certos Espíritos podem ajudar no progresso das artes ao proteger aqueles que se ocupam delas?
– Há Espíritos protetores especiais que assistem aos que os invocam quando os julgam dignos. Porém, não deveis acreditar que consigam fazer com que os indivíduos sejam aquilo que não são. Eles não fazem os cegos enxergarem, nem os surdos ouvirem.
 Os antigos fizeram desses Espíritos divindades especiais. As Musas eram a personificação alegórica dos Espíritos protetores das ciências e das artes, como designavam sob o nome de Lares e Penates2 os Espíritos protetores da família. Modernamente, também, as artes, as diferentes indústrias, as cidades, os continentes têm seus patronos protetores, Espíritos Superiores, mas sob outros nomes.
Cada homem tem Espíritos que lhe são simpáticos, e resulta disso que, em todas as coletividades, a generalidade dos Espíritos simpáticos está em relação com a generalidade dos indivíduos; que os Espíritos de costumes e procedimentos estranhos são atraídos para essas coletividades pela identidade dos gostos e dos pensamentos; em uma palavra, que essas multidões de pessoas, assim como os indivíduos, são mais ou menos bem assistidos e influenciados conforme a natureza dos pensamentos dos que os compõem.
Entre os povos, as causas de atração dos Espíritos são os costumes, os hábitos, o caráter dominante e principalmente as leis, porque o caráter de uma nação se reflete em suas leis. Os homens que fazem reinar a justiça entre si combatem a influência dos maus Espíritos. Em toda parte onde as leis consagram injustiças, contrárias à humanidade, os bons Espíritos estão em minoria e a massa dos maus se reúne e mantém a nação sob o domínio das suas idéias e paralisa as boas influências parciais que ficam perdidas na multidão, como uma espiga isolada no meio dos espinheiros. Ao estudar os costumes dos povos ou de qualquer reunião de homens, é fácil, portanto, fazer uma idéia da população oculta que se infiltra em seus pensamentos e em suas ações.

Pressentimentos

522 O pressentimento é sempre um aviso do Espírito protetor?
– É o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos quer bem. Está também na intuição da escolha que se fez; é a voz do instinto. O Espírito, antes de encarnar, tem conhecimento das principais fases de sua existência, do gênero de provas por que terá de passar; quando estas têm um caráter marcante, conserva uma espécie de impressão em seu íntimo e essa impressão é a voz do instinto, que se revela quando o momento se aproxima como um pressentimento.
523 Os pressentimentos e a voz do instinto têm sempre alguma coisa de vago. Que devemos fazer quando ficamos na incerteza?
– Quando vos achardes na incerteza, na dúvida, invocai vosso Espírito protetor ou orai ao senhor de todos, a Deus, que enviará um de seus mensageiros, um de nós.
524 Os conselhos de nossos Espíritos protetores têm por objetivo unicamente a nossa conduta moral ou também o modo de proceder nas coisas da vida particular?
– Objetivam a tudo. Eles procuram vos fazer viver o melhor possível; porém, muitas vezes, fechais os ouvidos aos seus bons conselhos e sois infelizes por vossas faltas.
 Os Espíritos protetores nos ajudam com seus conselhos pela voz da consciência que fazem falar em nós; mas como nem sempre damos a isso a importância necessária, eles nos dão outros de maneira mais direta, servindo-se das pessoas que nos rodeiam. Que cada um examine as diversas circunstâncias felizes ou infelizes de sua vida e verá que em muitas ocasiões recebeu conselhos que nem sempre aceitou e que teriam poupado muitos desgostos se os houvesse escutado.

Influência dos Espíritos sobre os acontecimentos da vida

525 Os Espíritos exercem alguma influência sobre os acontecimentos da vida?
– Certamente, uma vez que vos aconselham.
525 a Eles exercem essa influência de outro modo, além dos pensamentos que sugerem, ou seja, têm uma ação direta sobre a realização das coisas?
– Sim, mas nunca agem fora das leis da natureza.
 Imaginamos erroneamente que a ação dos Espíritos deve se manifestar somente por fenômenos extraordinários. Desejaríamos que nos viessem ajudar por milagres e nós os representamos sempre armados de uma varinha mágica. Mas não é assim; e porque sua intervenção nos é oculta, o que fazemos, embora com a sua cooperação, nos parece muito natural. Assim, por exemplo, provocarão a reunião de duas pessoas que parecerão se reencontrar por acaso; inspirarão a alguém o pensamento de passar por determinado lugar; chamarão sua atenção sobre um certo ponto, se isso deve causar o resultado que tenham em vista obter, de tal modo que o homem, acreditando seguir somente um impulso próprio, conserva sempre seu livre-arbítrio.
526 Os Espíritos, tendo ação sobre a matéria, podem provocar alguns efeitos para realizar um acontecimento? Por exemplo, um homem deve morrer: ele sobe uma escada de madeira, a escada se quebra e o homem morre; são os Espíritos que fazem quebrar a escada para realizar o destino desse homem?
– É certo que os Espíritos têm ação sobre a matéria, mas para a realização das leis da natureza e não para as anular ao fazer surgir num certo momento um acontecimento inesperado e contrário a essas leis. No exemplo apresentado, a escada se quebra porque estava gasta e fraca ou não era suficientemente forte para suportar o peso do homem. Se por expiação esse homem tivesse que morrer assim, os Espíritos lhe inspirariam o pensamento de subir nessa escada, que, por ser velha, se quebraria com seu peso, e sua morte teria lugar por efeito natural, sem que fosse necessário fazer um milagre, isto é, anulando uma lei natural de fazer quebrar uma escada boa e forte.
527 Tomemos um outro exemplo em que o estado natural da matéria não seja importante. Um homem deve morrer fulminado por um raio; ele se refugia sob uma árvore, o raio brilha, explode e o mata. Os Espíritos puderam provocar o raio e dirigi-lo até ele?
– É ainda a mesma coisa. O raio atingiu a árvore nesse momento porque estava nas leis da natureza que fosse assim; não foi dirigido para a árvore porque o homem estava debaixo dela. Ao homem, sim, foi inspirado o pensamento de se refugiar debaixo da árvore em que o raio deveria cair, porém a árvore seria atingida, estivesse o homem debaixo dela ou não.
528 Um homem mal-intencionado dispara uma arma contra outro, a bala passa de raspão e não o atinge. Um Espírito benevolente pode tê-la desviado?
– Se o indivíduo não deve ser atingido, o Espírito benevolente lhe inspirará o pensamento de se desviar ou poderá dificultar a pontaria do seu inimigo de modo a fazê-lo enxergar mal. Mas a bala, uma vez disparada, segue a linha que deve percorrer.
529 O que se deve pensar das balas encantadas de algumas lendas que atingem fatalmente um alvo?
– Pura imaginação; o homem adora o maravilhoso e não se contenta com a maravilha da natureza.
529 a Os Espíritos que dirigem os acontecimentos da vida podem ser contrariados por Espíritos que queiram o contrário?
– O que Deus quer deve acontecer; se há um atraso ou um impedimento, é por Sua vontade.
530 Os Espíritos levianos e zombeteiros podem criar pequenos embaraços que atrapalham nossos projetos e confundir nossas previsões? Em uma palavra, são autores das chamadas pequenas misérias da vida humana?
– Eles se satisfazem em causar aborrecimentos que são provas para exercitar vossa paciência, mas se cansam quando não conseguem nada. Entretanto, não seria justo nem exato acusá-los de todas as vossas decepções, de que sois os primeiros responsáveis pela vossa leviandade. Acreditai, portanto, que, se a vossa baixela de louça se quebra, é antes pela vossa falta de jeito do que por culpa dos Espíritos.
530 a Os Espíritos que provocam essas inquietações agem por conseqüência de uma animosidade pessoal ou atacam o primeiro que chega, sem motivo determinado, unicamente por malícia?
– Ambos os casos. Algumas vezes, são inimigos que fazeis durante essa vida ou em uma outra, e que vos perseguem; outras vezes, não há motivos.
531 A maldade dos que nos fizeram mal na Terra se extingue com a morte?
– Muitas vezes sim, porque reconhecem sua injustiça e o mal que fizeram. Mas freqüentemente continuam a vos perseguir com persistência, se estiver nos desígnios da Providência, para continuar a vos provar.
531 a Pode-se pôr um fim a isso? Como?
– Sim, se orar por eles e retribuir o mal com o bem, acabarão por compreender seus erros. Além disso, se vos colocardes acima de suas maquinações, eles cessarão, vendo que nada ganham com isso.
 A experiência demonstra que alguns Espíritos prosseguem sua vingança de uma existência a outra, e que assim expiam, cedo ou tarde, os males que se pode ter feito a alguém.
532 Os Espíritos têm o poder de afastar os males sobre algumas pessoas e de atrair para elas a prosperidade?
– Não completamente. Há males que estão nos desígnios da Providência, mas amenizam vossas dores ao vos dar a paciência e a resignação.
Deveis prestar atenção porque depende muitas vezes de vós afastar esses males ou pelo menos atenuá-los. Deus vos deu a inteligência para vos servirdes dela e é principalmente por meio dela que os Espíritos vêm vos ajudar ao sugerir pensamentos benéficos; mas apenas assistem àqueles que sabem ajudar-se a si mesmos. É o sentido destas palavras: “Procurai e encontrareis, batei e se vos abrirá”.
Sabei ainda: o que parece um mal nem sempre é. Freqüentemente, do mal que vos aflige sairá um bem muito maior. É o que não compreendereis, enquanto pensardes somente no momento presente ou em vós mesmos.
533 Os Espíritos podem fazer obter a riqueza, se para isso são solicitados?
– Algumas vezes como prova, mas, freqüentemente, recusam, como se recusa a uma criança a satisfação de um pedido absurdo.
533 a Quando atendem, são os bons ou os maus Espíritos que concedem esses favores?
– Ambos; isso depende da intenção. Na maioria das vezes são Espíritos que querem vos conduzir ao mal e que encontram um meio fácil de o conseguir nos prazeres que a riqueza proporciona.
534 Quando sentimos obstáculos fatais em oposição aos nossos projetos, seria pela influência de algum Espírito?
– Algumas vezes, são os Espíritos. Outras, na maioria delas, é que escolhestes mal a elaboração e execução do projeto. A posição e o caráter influem muito. Se insistis num caminho que não é o vosso, não é devido aos Espíritos: é que sois vosso próprio mau gênio.
535 Quando alguma coisa feliz nos acontece, é a nosso Espírito protetor que devemos agradecer?
– Agradecei a Deus, sem cuja permissão nada se faz; depois, aos bons Espíritos, que são seus agentes.
535 a O que acontece quando não agradecemos?
– O que acontece aos ingratos.
535 b Entretanto, há pessoas que não oram nem agradecem e para as quais tudo dá certo!
– Sim, mas é preciso ver o final. Pagarão bem caro essa felicidade passageira que não merecem, já que, quanto mais tiverem recebido, mais contas terão que prestar.

Ação dos Espíritos sobre os fenômenos da natureza

536 Os grandes fenômenos da Natureza, aqueles que são considerados como uma perturbação dos elementos, são de causas imprevistas ou, ao contrário, são providenciais?
– Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus.
536 a Esses fenômenos sempre têm o homem como objetivo?
– Algumas vezes têm uma razão de ser direta para o homem. Entretanto, na maioria dos casos, têm por objetivo o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia das forças físicas da natureza.
536 b Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primária nisso como em todas as coisas, mas, como sabemos que os Espíritos têm uma ação sobre a matéria e que são os agentes da vontade de Deus, perguntamos: alguns dentre eles não exercem uma influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?
– Mas é evidente que exercem e não pode ser de outro modo. Deus não exerce ação direta sobre a matéria; ele tem agentes devotados em todos os graus da escala dos mundos.
537 A mitologia dos antigos é inteiramente fundada sobre as idéias espíritas, com a diferença de que consideravam os Espíritos divindades. Representavam esses deuses ou Espíritos com atribuições especiais: assim, uns eram encarregados dos ventos, outros do raio, outros de presidir a vegetação, etc; essa crença é totalmente destituída de fundamento?
– Ela é tão pouco destituída de fundamento que ainda está muito aquém da verdade.
537 a Pela mesma razão, poderia haver Espíritos vivendo no interior da Terra e dirigindo os fenômenos geológicos?
– Evidentemente esses Espíritos não habitam exatamente o interior da Terra, mas presidem e dirigem os fenômenos de acordo com suas atribuições. Um dia, tereis a explicação de todos esses fenômenos e os compreendereis melhor.
538 Os Espíritos que dirigem os fenômenos da natureza formam uma categoria especial no mundo espírita? São seres à parte ou Espíritos que estiveram encarnados como nós?
– Que estiveram ou que estarão.
538 a Esses Espíritos pertencem às ordens superiores ou inferiores da hierarquia espírita?
– Isso é conforme seja mais ou menos material ou inteligente o papel que desempenham. Uns comandam, outros executam. Aqueles que executam as coisas materiais são sempre de uma ordem inferior, entre os Espíritos como entre os homens.
539 Na produção de alguns fenômenos, as tempestades por exemplo, é um Espírito que age, ou se reúnem em massa?
– Em massas inumeráveis.
540 Os Espíritos que exercem ação sobre os fenômenos da natureza agem com conhecimento de causa, pelo seu livre-arbítrio, ou por um impulso instintivo ou irrefletido?
– Uns sim, outros não. Façamos uma comparação: imaginai essas imensidades de animais que pouco a pouco fazem sair do mar as ilhas e os arquipélagos, acreditais que não há nisso um objetivo providencial e que essa transformação da superfície do globo não seja necessária para a harmonia geral? Esses são apenas animais da última ordem que realizam essas coisas para proverem suas necessidades e sem desconfiarem que são os instrumentos de Deus. Pois bem! Do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados são úteis ao conjunto; enquanto ensaiam para a vida e antes de ter plena consciência de seus atos e seu livre-arbítrio, agem sobre alguns fenômenos dos quais são agentes inconscientes. Executam primeiro; mais tarde, quando sua inteligência estiver mais desenvolvida, comandarão e dirigirão as coisas do mundo material; mais tarde ainda, poderão dirigir as coisas do mundo moral. É assim que tudo serve, tudo se encaixa na natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo que começou pelo átomo; admirável lei de harmonia da qual vosso Espírito limitado ainda não pode entender o conjunto.

                                                       

Lei da Liberdade - Fatalidade - A quem interessar- Estudo - OFF

O Livro dos Espíritos

Parte Terceira – Capítulo 10

Lei de Liberdade

Liberdade natural – Escravidão – Liberdade de pensar – Liberdade de consciência – Livre-arbítrio – Fatalidade – Conhecimento do futuro – Resumo teórico da motivação das ações do homem

Liberdade natural

825 Há posições no mundo em que o homem pode se vangloriar de desfrutar de liberdade absoluta?
– Não, porque todos necessitam uns dos outros, tanto os pequenos quanto os grandes.
826 Em que condição o homem poderia desfrutar de liberdade absoluta?
– Na de eremita no deserto. Desde que haja dois homens juntos, há direitos a respeitar e nenhum deles tem mais liberdade absoluta.
827 A obrigação de respeitar os direitos dos outros tira do homem o direito de ser senhor de si?
– De jeito nenhum, porque esse é um direito que a natureza lhe concede.
828 Como conciliar as opiniões liberais de certos homens com a tirania que, muitas vezes, eles mesmos praticam no lar e com os seus subordinados?
– Eles têm da lei natural só a compreensão, porém contrabalançada pelo orgulho e egoísmo. Quando esses princípios não são uma comédia calculadamente representada, o homem tem a perfeita noção de como deveria agir, mas não o faz.
828 a Como serão considerados na vida espiritual os que procederam assim neste mundo?
– Quanto mais inteligência tenha um homem para compreender um princípio, menos é desculpável por não aplicá-lo a si mesmo. Eu vos digo, em verdade, que o homem simples, mas sincero, está mais avançado no caminho de Deus do que aquele que quer parecer o que não é.

Escravidão

829 Há homens que são, por natureza, destinados a ser propriedades de outros homens?
– Toda sujeição absoluta de um homem a outro é contrária à lei de Deus. A escravidão é um abuso da força e desaparecerá com o progresso, como desaparecerão pouco a pouco todos os abusos.
 A lei humana que consagra a escravidão é contra a natureza, uma vez que iguala o homem ao irracional e o degrada moral e fisicamente.
830 Quando a escravidão faz parte dos costumes de um povo, os que dela se aproveitam são condenáveis, por agirem seguindo um procedimento que parece natural?
– O mal é sempre o mal e todos os sofismas não farão com que uma má ação se torne boa. Mas a responsabilidade do mal é relativa aos meios de que se dispõe para compreendê-la. Aquele que tira proveito da lei da escravidão é sempre culpado da violação da lei natural; mas, nisso, como em todas as coisas, a culpa é relativa. A escravidão, tendo se firmado nos costumes de alguns povos, tornou possível ao homem aproveitar-se dela de boa-fé, como de uma coisa que parecia natural; mas a partir do momento que sua razão se mostrou mais desenvolvida e, acima de tudo, esclarecida pelas luzes do Cristianismo, demonstrando que o escravo é um ser igual diante de Deus, não há mais desculpa que justifique a escravidão.
831 A desigualdade natural das aptidões não coloca algumas raças humanas sob a dependência de outras mais inteligentes?
– Sim, mas para erguê-las e não para embrutecê-las ainda mais pela escravidão. Os homens têm considerado durante muito tempo algumas raças humanas como animais de braços e mãos e se julgaram no direito de vendê-los como animais de carga. Eles acreditam possuir um sangue mais puro, insensatos que vêem apenas a matéria! Não é o sangue que é mais ou menos puro, mas o Espírito. (Veja as questões 361 e 803.)
832 Há homens que tratam seus escravos com humanidade, que não lhes deixam faltar nada e pensam que a liberdade até os exporia a piores privações; o que dizeis deles?
– Digo que esses cuidam melhor de seus interesses. Têm também muito cuidado com seus bois e cavalos, para tirar mais proveito deles no mercado. Não são tão culpados quanto os que os maltratam, mas dispõem deles como de uma mercadoria ao impedir o direito de serem livres.

Liberdade de pensar

833 Há no homem alguma coisa livre de qualquer constrangimento e da qual desfruta de uma liberdade absoluta?
– É pelo pensamento que o homem desfruta de uma liberdade sem limites, porque o pensamento desconhece obstáculos. Pode-se deter seu vôo, mas não aniquilá-lo.
834 O homem é responsável por seu pensamento?
– É responsável diante de Deus; somente Deus, podendo conhecê-lo, o condena ou o absolve segundo Sua justiça.

Liberdade de consciência

835 A liberdade de consciência é uma conseqüência da de pensar?
– A consciência é um pensamento íntimo que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos.
836 O homem tem direito de colocar obstáculos à liberdade de consciência?
– Não, nem à liberdade de pensar. Pertence apenas a Deus o direito de julgar a consciência. Se os homens regulam por suas leis as relações de homem para homem, Deus, pelas leis da natureza, regula as relações do homem com Deus.
837 Qual o resultado dos obstáculos postos à liberdade de consciência?
– Constranger os homens a agir de modo diferente do que pensam, torná-los hipócritas. A liberdade de consciência é uma das características da verdadeira civilização e do progresso.
838 Toda crença é respeitável mesmo que seja notoriamente falsa?
– Toda crença é respeitável quando é sincera e conduz à prática do bem. As crenças condenáveis são as que conduzem ao mal.
839 É repreensível escandalizar na sua crença aquele que não pensa como nós?
– É falta de caridade e ofende a liberdade de pensamento.
840 Será atentar contra a liberdade de consciência impor restrições às crenças que provocam problemas à sociedade?
– Podem-se reprimir os atos, mas a crença íntima é inacessível.
 Reprimir os atos exteriores de uma crença quando ela ocasiona um prejuízo qualquer aos outros não é atentar contra a liberdade de consciência, porque a repressão não impede a pessoa de manter a crença.
841 Deve-se, em respeito à liberdade de consciência, deixar que se propaguem doutrinas nocivas e pode-se, sem prejudicar essa liberdade, procurar trazer de volta ao caminho da verdade aqueles que se perderam ao admitir falsos princípios?
– Certamente que sim; e até mesmo se deve. Mas ensinai a exemplo de Jesus, pela doçura e persuasão, e não pela força, o que seria pior que a crença daquele a quem se quer convencer. Se há algo que seja permitido impor é o bem e a fraternidade. Mas não acreditamos que o meio de levá-los a admitir seja agindo com violência: a convicção não se impõe.
842 Todas as doutrinas têm a pretensão de ser a única expressão da verdade; como se pode reconhecer a que tem o direito de se posicionar assim?
– Será aquela que faz mais homens de bem e menos hipócritas, ou seja, pela prática da lei de amor e de caridade em sua maior pureza e sua aplicação mais abrangente. A esse sinal reconheceis que uma doutrina é boa, já que toda doutrina que semear a desunião e estabelecer uma demarcação entre os filhos de Deus só pode ser falsa e nociva.

Livre-arbítrio

843 O homem tem sempre o livre-arbítrio?
– Uma vez que tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem o livre-arbítrio o homem seria como uma máquina.
844 O homem desfruta de seu livre-arbítrio desde seu nascimento?
– Há liberdade de agir desde que haja a liberdade de fazer. Nos primeiros tempos da vida a liberdade é quase nula; ela vai evoluindo e seus objetivos mudam de acordo com o desenvolvimento das faculdades. A criança, tendo pensamentos relacionados com as necessidades de sua idade, aplica seu livre-arbítrio às escolhas que lhe são necessárias.
845 As predisposições instintivas que o homem traz ao nascer não são um obstáculo ao exercício do livre-arbítrio?
– As predisposições instintivas são do Espírito antes de sua encarnação; conforme é mais ou menos adiantado, podem levá-lo a praticar atos condenáveis, e ele será auxiliado nisso pelos Espíritos com essas mesmas tendências, mas não há arrebatamento irresistível quando se tem a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder. (Veja a questão 361.)
846 O organismo tem influência sobre os atos da vida? E se tem, ela não acaba anulando o livre-arbítrio?
– O Espírito está certamente influenciado pela matéria que o pode entravar em suas manifestações; eis por que, nos mundos onde os corpos são menos materiais, as faculdades se desenvolvem com mais liberdade. Porém, não é o instrumento que dá as faculdades. Além disso, é preciso separar aqui as faculdades morais das intelectuais; se um homem tem o instinto assassino, é seguramente seu próprio Espírito que o possui e o transmite, e não seus órgãos. Aquele que canaliza o pensamento para a vida da matéria torna-se semelhante ao irracional e, pior ainda, porque não pensa mais em se prevenir contra o mal, e é nisso que é culpado, uma vez que age assim por sua vontade. (Veja a questão 367 e segs. – “Influência do organismo”.)
847 A anormalidade das faculdades tira do homem o livre-arbítrio?
– Aquele cuja inteligência é perturbada por uma causa qualquer não é mais senhor de seu pensamento e assim não tem mais liberdade. Essa anormalidade é, muitas vezes, uma punição para o Espírito que, numa outra encarnação, pode ter sido fútil e orgulhoso e ter feito mau uso de suas faculdades. Ele pode renascer no corpo de um deficiente mental, como o escravizador no corpo de um escravo e o mau rico no de um mendigo. Porém, o Espírito sofreu esse constrangimento com perfeita consciência. Está aí a ação da matéria. (Veja a questão 371 e seguintes)
848 Os desatinos das faculdades intelectuais causadas pela embriaguez é desculpa para atos condenáveis?
– Não, porque o bêbado voluntariamente se privou de sua razão para satisfazer paixões brutais; em vez de uma falta, comete duas.
849 No homem primitivo, a faculdade dominante é o instinto ou o livre-arbítrio?
– É o instinto, o que não o impede de agir com total liberdade em certas circunstâncias; como a criança, ele aplica essa liberdade às suas necessidades e ela se desenvolve com a inteligência. Porém, como vós, sois mais esclarecidos do que um selvagem e também mais responsáveis pelo que fazeis.
850 A posição social não é, algumas vezes, um obstáculo à total liberdade dos atos?
– O mundo tem, sem dúvida, suas exigências. Deus é justo e tudo leva em conta, mas vos deixa a responsabilidade do pouco esforço que fazeis para superar os obstáculos.

Fatalidade

851 Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme o sentido que se dá a essa palavra, ou seja, todos os acontecimentos são predeterminados? Nesse caso, como fica o livre-arbítrio?
– A fatalidade existe apenas na escolha que o Espírito fez ao encarnar e suportar esta ou aquela prova. E da escolha resulta uma espécie de destino, que é a própria conseqüência da posição que ele próprio escolheu e em que se acha. Falo das provas de natureza física, porque, quanto às de natureza moral e às tentações, o Espírito, ao conservar seu livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor para ceder ou resistir. Um bom Espírito, ao vê-lo fraquejar, pode vir em sua ajuda, mas não pode influir de modo a dominar sua vontade. Um Espírito mau, ao lhe mostrar de forma exagerada um perigo físico, pode abalá-lo e assustá-lo. Porém, a vontade do Espírito encarnado está constantemente livre para decidir.
852 Há pessoas que parecem ser perseguidas por uma fatalidade, independentemente de seu modo de agir; a infelicidade não é um destino?
– São, talvez, provas que devem suportar e que escolheram. Mas definitivamente não deveis acusar o destino pelo que, freqüentemente, é apenas a conseqüência de vossas próprias faltas. Nos males que vos afligem, esforçais-vos para que vossa consciência esteja pura, e já vos sentireis bastante consolados.
 As idéias justas ou falsas que fazemos das coisas nos fazem vencer ou fracassar de acordo com nosso caráter e posição social. Achamos mais simples e menos humilhante para o nosso amor-próprio atribuir nossos fracassos à sorte ou ao destino, e não à nossa própria falta. Se a influência dos Espíritos contribui para isso algumas vezes, podemos sempre nos defender dessa influência afastando as idéias que nos sugerem, quando são más.
853 Algumas pessoas mal escapam de um perigo mortal para logo cair em outro; parece que não teriam como escapar à morte. Não há fatalidade nisso?
– A fatalidade só existe, no verdadeiro sentido da palavra, apenas no instante da morte. Quando esse momento chega, seja por um meio ou por outro, não o podeis evitar.
853 a Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, não morreremos se a hora não é chegada?
– Não, não morrereis, e sobre isso há milhares de exemplos; mas quando a hora chegar, nada poderá impedir. Deus sabe por antecipação qual o gênero de morte que terás na Terra e, muitas vezes, vosso Espírito também sabe, porque isso foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência.
854 Por causa da inevitável hora da morte, as precauções que se tomam para evitá-la são inúteis?
– Não. As precauções que tomais são sugeridas para evitar a morte que vos ameaça, são meios para que ela não ocorra.
855 Qual é o objetivo da Providência ao nos fazer correr dos perigos que não têm conseqüências?
– Quando vossa vida é colocada em perigo, é uma advertência que vós mesmo desejastes, a fim de vos desviardes do mal e vos tornardes melhor. Quando escapais desse perigo, ainda sob a influência do risco que passastes, refletis seriamente, conforme a ação mais ou menos forte dos bons Espíritos sobre vós para vos melhorardes. O mau Espírito, voltando a tentação (digo mau subentendendo o mal que ainda existe nele), pensa que escapará do mesmo modo a outros perigos e novamente deixa se dominar pelas paixões. Pelos perigos que correis, Deus vos lembra de vossa fraqueza e a fragilidade de vossa existência. Se examinardes a causa e a natureza do perigo, vereis que, muitas vezes, as conseqüências são a punição de uma falta cometida ou de um dever não cumprido. Deus vos adverte assim para vos recolherdes em vós mesmos e vos corrigirdes. (Veja as questões 526 e 532.)
856 O Espírito sabe por antecipação como desencarnará?
– Sabe que o gênero de vida escolhido o expõe a desencarnar mais de uma maneira do que de outra. Sabe igualmente quais as lutas que terá de enfrentar para evitá-la e, se Deus o permitir, não fracassará.
857 Há homens que enfrentam os perigos dos combates com a convicção de que sua hora não chegou; há algum fundamento nessa confiança?
– Freqüentemente, o homem tem o pressentimento de seu fim, como pode ter o de que não morrerá ainda. Esse pressentimento vem por meio dos seus protetores, que querem adverti-lo para estar pronto para partir, ou estimulam sua coragem nos momentos em que é mais necessária. Pode vir ainda pela intuição que tem da existência escolhida, ou da missão que aceitou e sabe que deve cumprir. (Veja as questões 411 e 522.)
858 Por que os que pressentem a morte a temem menos que os outros?
– É o homem que teme a morte e não o Espírito; aquele que a pressente pensa mais como Espírito do que como homem: ele a compreende como sua libertação e a espera.
859 Se a morte não pode ser evitada, ocorre o mesmo com todos os acidentes que nos atingem no decorrer da vida?
– Freqüentemente esses acidentes são pequenas coisas para as quais podemos vos prevenir e, algumas vezes, fazer com que as eviteis, dirigindo vosso pensamento, porque não gostamos de vos ver sofrer; mas isso é de pouca importância para a vida que escolhestes. A fatalidade, verdadeiramente, consiste apenas na hora em que deveis nascer e morrer.
859 a Há fatos que, forçosamente, devam acontecer e que a vontade dos Espíritos não podem afastar?
– Sim, mas vós, antes de encarnar, vistes e pressentistes quando fizestes vossa escolha. Entretanto, não acrediteis que tudo o que acontece está escrito, como se diz. Um acontecimento é, muitas vezes, a conseqüência de um ato que praticastes por livre vontade, caso contrário o acontecimento não teria ocorrido. Se queimais o dedo, é conseqüência de vossa imprudência e ação sobre a matéria. Apenas as grandes dores, os acontecimentos importantes que podem influir na evolução moral, são previstos por Deus, já que são úteis para a vossa depuração e instrução.
860 O homem, por sua vontade e ações, pode fazer com que os acontecimentos que deveriam ocorrer não ocorram, e vice-versa?
– Pode, desde que esse desvio aparente caiba na ordem geral da vida que escolheu. Depois, para fazer o bem, como é seu dever e único objetivo da vida, ele pode impedir o mal, especialmente aquele que poderia contribuir para um mal maior.
861 O homem que comete um homicídio sabe, ao escolher sua existência, que se tornará um assassino?
– Não. Sabe que, escolhendo uma determinada espécie de vida,poderá ter a possibilidade de matar um de seus semelhantes, mas não sabe se o fará porque há nele, quase sempre, uma decisão antes de cometer qualquer ação; portanto, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre para fazê-la ou não. Se o Espírito soubesse antecipadamente que, como homem, deveria cometer um assassinato, é porque isso estava predestinado. Sabei que ninguém foi predestinado ao crime e todo crime, como todo e qualquer ato, é sempre o resultado da vontade e do livre-arbítrio.
Além disso, confundis sempre duas coisas bem distintas: os acontecimentos materiais da vida e os atos da vida moral. Se algumas vezes existe fatalidade, é nos acontecimentos materiais cuja causa está fora de vós e são independentes de vossa vontade. Quanto aos atos da vida moral, esses emanam sempre do próprio homem, que sempre tem, conseqüentemente, a liberdade de escolha. Para esses atos, nunca existe fatalidade.
862 Existem pessoas para as quais nada sai bem e que um mau gênio parece perseguir em todas as suas ações; não está aí o que podemos chamar de fatalidade?
– É uma fatalidade, se quiserdes chamar assim, mas é decorrente da escolha que essa pessoa fez para a presente existência, porque há pessoas que quiseram ser provadas por uma vida de decepção, para exercitar sua paciência e sua resignação. Não acrediteis, entretanto, que essa fatalidade seja absoluta; muitas vezes é o resultado do falso caminho que tomaram e que nada têm a ver com sua inteligência e suas aptidões. Aquele que deseja atravessar um rio a nado sem saber nadar tem grande probabilidade de se afogar; assim é com a maioria dos acontecimentos da vida. Se o homem somente empreendesse coisas compatíveis e de acordo com suas capacidades, quase sempre teria êxito. O que faz com que se perca é seu amor-próprio e sua ambição, que o fazem sair de seu caminho e o induzem a considerar como vocação o desejo de satisfazer certas paixões. Ele fracassa e é por sua culpa; mas, em vez de admiti-la espontaneamente, prefere acusar sua estrela. Seria melhor ter sido um bom trabalhador e ganho honestamente a vida do que ser um mau poeta e morrer de fome. Haveria lugar para todos, se cada um soubesse se colocar em seu lugar.
863 Os costumes sociais não obrigam o homem a seguir determinado caminho em vez de outro, e ele não está submetido ao controle da opinião geral na escolha de suas ocupações? O que se chama de respeito humano não é um obstáculo ao exercício do livre-arbítrio?
– São os homens que fazem os costumes sociais e não Deus. Se a eles se submetem, é porque lhes convêm, e isso é ainda um ato de seu livre-arbítrio, uma vez que, se quisessem, poderiam libertar-se deles; então, por que se lamentar? Não são os costumes sociais que devem acusar, mas seu tolo amor-próprio, que os leva a preferir morrer de fome a abandoná-lo. Ninguém levará em conta esse sacrifício feito à opinião pública, enquanto Deus levará em conta o sacrifício que fizerem à sua vaidade. Isso não quer dizer que seja preciso afrontar essa opinião sem necessidade, como fazem algumas pessoas que têm mais originalidade do que verdadeira filosofia. Há tanto desatino em alguém se fazer objeto de crítica ou parecer um animal selvagem quanto existe sabedoria em descer voluntariamente e sem reclamar, quando não se pode permanecer no topo da escala.
864 Existem pessoas para as quais a sorte é contrária, outras parecem favorecidas, pois tudo lhes sai bem; a que se deve isso?
– Freqüentemente porque elas sabem orientar-se melhor; mas isso pode ser também um gênero de prova. O sucesso as embriaga; elas confiam em seu destino e freqüentemente acabam pagando mais tarde esses mesmos sucessos com cruéis revezes, que poderiam ter evitado com a prudência.
865 Como explicar a sorte que favorece certas pessoas nas circunstâncias em que nem a vontade nem a inteligência interferem? O jogo, por exemplo?
– Alguns Espíritos escolheram antecipadamente certas espécies de prazer; a sorte que os favorece é uma tentação. Quem ganha como homem perde como Espírito; é uma prova para seu orgulho e sua cobiça.
866 A fatalidade que parece marcar os destinos materiais de nossa vida seria, também, o efeito de nosso livre-arbítrio?
– Vós mesmos escolhestes vossa prova; quanto mais for rude e melhor a suportardes, mais vos elevareis. Aqueles que passam a vida na abundância e na felicidade humana são Espíritos fracos, que permanecem estacionários. Assim, o número de desafortunados ultrapassa em muito o dos felizes neste mundo, já que os Espíritos procuram, na maior parte, a prova que será mais proveitosa. Eles vêm muito bem a futilidade de vossas grandezas e prazeres. Aliás, a vida mais feliz é sempre agitada, sempre inquieta, apesar da ausência da dor. (Veja a questão 525 e seguintes)
867 De onde vem a expressão nascer sob uma boa estrela?
– Velha superstição que ligava as estrelas ao destino de cada homem. É uma simbologia que algumas pessoas fazem a tolice de levar a sério.

Conhecimento do futuro

868 O futuro pode ser revelado ao homem?
– Em princípio, o futuro é desconhecido e apenas em casos raros ou excepcionais Deus permite que seja revelado.
869 Com que objetivo o futuro é oculto ao homem?
– Se conhecesse o futuro, negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade, porque seria dominado pelo pensamento de que, se uma coisa deve acontecer, não tem por que se preocupar, ou procuraria dificultar o acontecimento. Deus quis que assim fosse, para que cada um cooperasse no cumprimento das coisas, até mesmo daquelas a que gostaria de se opor. Assim, preparais, vós mesmos, freqüentemente sem desconfiar disso, os acontecimentos que sucederão no curso de vossa vida.
870 Mas se é útil que o futuro seja oculto, por que Deus permite algumas vezes sua revelação?
– Permite, quando esse conhecimento prévio deva facilitar o cumprimento de algo em vez de dificultá-lo, ficando obrigado o homem a agir de modo diferente do que faria sem esse conhecimento. Além disso, é, freqüentemente, uma prova. A perspectiva de um acontecimento pode despertar pensamentos bons ou maus. Se um homem souber, por exemplo, que receberá uma herança com que não contava, pode ser que essa revelação desperte nele a cobiça, pela expectativa de aumentar seus prazeres terrestres, pelo desejo de se apossar de imediato da herança, desejando, talvez, a morte daquele que lhe deve deixar a fortuna. Ou, então, essa perspectiva pode despertar-lhe bons sentimentos e pensamentos generosos. Se a predição não se cumpre, sofrerá uma outra prova: a decepção. Mas ele não terá, por isso, mérito ou demérito pelos pensamentos bons ou maus que a expectativa do acontecimento ocasionou.
871 Uma vez que Deus sabe tudo, sabe, igualmente, se um homem deve fracassar ou não numa prova? Nesse caso, qual é a necessidade dessa prova, que nada acrescentará ao que Deus já sabe a respeito desse homem?
– É o mesmo que perguntar por que Deus não criou o homem perfeito e realizado; (Veja a questão 119.) por que o homem passa pela infância antes de atingir a idade adulta. (Veja a questão 379.) A prova não tem a finalidade de esclarecer a Deus sobre o mérito dessa pessoa, visto que sabe perfeitamente para que a prova lhe serve, mas, sim, para a deixar com toda a responsabilidade de sua ação, uma vez que é livre para fazer ou não. Tendo o homem a escolha entre o bem e o mal, a prova tem a finalidade de colocá-lo em luta com a tentação do mal e lhe deixar todo o mérito da resistência. Embora saiba muito bem, antecipadamente, se triunfará ou não, Deus não pode, em Sua justiça, puni-lo nem recompensá-lo por um ato que ainda não foi praticado. (Veja a questão 258.)
 Assim acontece entre os homens. Por mais capaz que seja um estudante, qualquer certeza que se tenha de vê-lo triunfar, não se confere a ele nenhum grau sem exame, ou seja, sem prova; do mesmo modo, o juiz não condena um acusado senão por um ato consumado e não por prever que ele possa consumar esse ato.
Quanto mais se examinam as conseqüências que resultariam para o homem se tivesse o conhecimento do futuro, mais se vê quanto a Providência foi sábia em ocultá-lo. A certeza de um acontecimento feliz o mergulharia na inércia; a de um acontecimento infeliz, no desencorajamento; tanto em um quanto em outro, suas forças estariam paralisadas. Por isso o futuro é apenas mostrado ao homem como um objetivo que deve atingir por seus esforços, mas sem conhecer o processo pelo qual deve passar para atingi-lo. O conhecimento de todos os incidentes do caminho lhe diminuiria a iniciativa e o uso de seu livre-arbítrio; ele se deixaria levar pela fatalidade dos acontecimentos, sem exercer suas aptidões. Quando o sucesso de uma coisa é assegurado, ninguém se preocupa mais com ela.

Resumo teórico da motivação das ações do homem

872 A questão de ter a vontade livre, isto é, o livre-arbítrio, pode se resumir assim: a criatura humana não é fatalmente conduzida ao mal; os atos que pratica não estavam antecipadamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, como prova e expiação, escolher uma existência em que terá a sedução para o crime, seja pelo meio em que se encontre ou pelos atos em que tomará parte, mas está constantemente livre para agir ou não. Assim, o livre-arbítrio existe no estado de Espírito, com a escolha da existência e das provas, e no estado corporal, na disposição de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que estamos voluntariamente submetidos. Cabe à educação combater essas más tendências; ela o fará utilmente quando estiver baseada no estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que regem essa natureza moral será possível modificá-la, como se modifica a inteligência pela instrução, e como a higiene, que preserva a saúde e previne as doenças, modifica o temperamento. O Espírito livre da matéria, no intervalo das encarnações, faz a escolha de suas existências corporais futuras, de acordo com o grau de perfeição que atingiu, e nisso, como dissemos, consiste principalmente o seu livre-arbítrio. Essa liberdade não é anulada pela encarnação. Se cede à influência da matéria é porque fracassa nas próprias provas que escolheu, e para ajudá-lo a superá-las pode evocar a assistência de Deus e dos bons Espíritos. (Veja a questão 337.)
Sem o livre-arbítrio o homem não teria nem culpa na prática do mal, nem mérito no bem; e isso é igualmente reconhecido no mundo, onde sempre se faz censura ou elogio à intenção, ou seja, à vontade; portanto, quem diz vontade diz liberdade. Eis por que o homem não pode justificar ou desculpar suas faltas atribuindo-as ao seu corpo sem abdicar da razão e da condição de ser humano para se igualar ao irracional. Se o corpo humano fosse responsável pela ação para o mal, o seria igualmente na ação para o bem. Entretanto, quando o homem faz o bem, tem grande cuidado para evidenciar o fato em seu favor, como mérito seu, e não exalta ou gratifica seus órgãos. Isso prova que, instintivamente, ele não renuncia, apesar da opinião de alguns filósofos sistemáticos, ao mais belo dos privilégios de sua espécie: a liberdade de pensar.
A fatalidade, como se entende geralmente, faz supor que todos os acontecimentos da vida estão prévia e irrevogavelmente decididos, e estão na ordem das coisas, seja qual for sua importância. Se assim fosse, o homem seria uma máquina sem vontade. Para que serviria sua inteligência, uma vez que em todos os atos seria invariavelmente dominado pelo poder do destino? Uma doutrina assim, se fosse verdadeira, teria em si a destruição de toda liberdade moral; não haveria mais responsabilidade para o homem e, conseqüentemente, nem bem, nem mal, nem crimes, nem virtudes. Deus, soberanamente justo, não poderia castigar suas criaturas por faltas que não dependeram delas nem recompensá-las pelas virtudes das quais não teriam o mérito. Uma lei assim seria, além disso, a negação da lei do progresso, porque o homem que esperasse tudo do destino nada tentaria para melhorar sua posição, já que não conseguiria mudá-la nem para melhor nem para pior.
A fatalidade não é, entretanto, uma idéia vã; ela existe na posição que o homem ocupa na Terra e nas funções que aí cumpre, por conseqüência do gênero de existência que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão. Ele sofre, fatalmente, todas as alternâncias dessa existência e todas as tendências, boas ou más, que lhe são próprias; porém, termina aí a fatalidade, porque depende de sua vontade ceder ou não a essas tendências. O detalhe dos acontecimentos depende das circunstâncias que ele mesmo provoca por seus atos e sobre as quais os Espíritos podem influenciar pelos pensamentos que sugerem. (Veja a questão 459.)
A fatalidade está, portanto, para o homem, nos acontecimentos que se apresentam, uma vez que são a conseqüência da escolha da existência que o Espírito fez. Pode deixar de ocorrer a fatalidade no resultado dos acontecimentos, quando o homem, usando de prudência, modifica-lhes o curso. Nunca há fatalidade nos atos da vida moral.
É na morte que o homem está submetido, de uma maneira absoluta, à implacável lei da fatalidade, porque não pode escapar da sentença que fixa o fim de sua existência, nem do gênero de morte que deve interrompê-la.
De acordo com a opinião geral, o homem possuiria todos os seus instintos em si mesmo; eles procederiam de seu próprio corpo, pelos quais não poderia ser responsável, ou de sua própria natureza, na qual pode encontrar uma desculpa, para si mesmo, dizendo que não é sua culpa, uma vez que foi criado assim.
A Doutrina Espírita é evidentemente muito mais moral: admite no homem o livre-arbítrio em toda sua plenitude e, ao lhe dizer que, se faz o mal, cede a uma má sugestão exterior, deixa-lhe toda a responsabilidade, uma vez que reconhece seu poder de resistir, o que é evidentemente mais fácil do que lutar contra sua própria natureza. Assim, de acordo com a Doutrina
Espírita, não há sedução irresistível: o homem pode sempre fechar os ouvidos à voz oculta do obsessor que o induz ao mal em seu íntimo, assim como pode fechá-los quando alguém lhe fala; pode fazer isso por sua vontade, ao pedir a Deus a força necessária e rogando a assistência dos bons Espíritos. É o que Jesus nos ensina na sublime prece do Pai Nosso: “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.
Essa teoria que mostra a causa determinante dos nossos atos ressalta evidentemente de todo o ensinamento dado pelos Espíritos. Não é apenas sublime em moralidade, mas acrescentaremos que eleva o homem a seus próprios olhos. Mostra-o livre para repelir um domínio obsessor, como pode fechar sua casa aos importunos. Não é mais uma máquina que age por um impulso independente de sua vontade; é um ser racional, que escuta, julga e escolhe livremente um entre dois conselhos. Apesar disso, o homem não está impedido de agir por sua iniciativa, por impulso próprio, já que, definitivamente, é apenas um Espírito encarnado que conserva, sob o corpo, as qualidades e os defeitos que tinha como Espírito. As faltas que cometemos têm, portanto, sua origem na imperfeição de nosso próprio Espírito, que ainda não atingiu a superioridade moral que terá um dia, mas que nem por isso tem seu livre-arbítrio limitado. A vida encarnada lhe é dada para se depurar de suas imperfeições pelas provas que passa, e são precisamente essas imperfeições que o tornam mais fraco e acessível às sugestões de outros Espíritos imperfeitos, que aproveitam para se empenhar em fazê-lo fracassar na luta. Se sai vencedor, eleva-se; se desperdiça a oportunidade e fracassa, permanece o que era, nem pior, nem melhor: é uma prova que terá de recomeçar, e isso pode durar muito tempo. Quanto mais se depura, mais seus pontos fracos diminuem e menos se expõe àqueles que procuram incitá-lo ao mal; sua força moral cresce em razão de sua elevação e os maus Espíritos se afastam dele.
A raça humana é constituída tanto de Espíritos bons quanto de maus, que estão encarnados neste planeta, e como a Terra é um dos mundos menos avançados, nela se encontram mais Espíritos maus do que bons; por isso há tanta perversidade aqui.
Façamos, portanto, todos os esforços para não voltarmos aqui após essa existência e merecermos ser admitidos num mundo melhor, num desses mundos privilegiados onde o bem reina absoluto, e lembraremos de nossa passagem pela Terra apenas como um exílio temporário.