T R A N S I ÇÃO

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Uitonius, um amigo de Júpiter.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Morreu o assassino, ficou a ideologia -OFF



Trecho de Diogo Schelp // Reinaldo Azevedo/ Veja.com
 às 17:58 -03 AGO 11

OS DEZ ANOS DO 11 DE SETEMBRO QUE MUDOU O MUNDO… PARA PIOR!

Soberba a edição da VEJA desta semana, que marca os 10 anos dos atentados de 11 de Setembro. São 31 páginas com a memória do horror, seus momentos mais dramáticos em fotos que ainda hoje impressionam, as raízes da tragédia, as alegações dos assassinos, as conseqüências para o mundo da necessária guerra ao terror etc. Uma edição para ter como um documento.
Segue um trecho do texto que abre o material, de Diogo Schelp.
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Momentos históricos decisivos ocorrem por uma combinação de fatores — mudanças demográficas, decisões políticas e econômicas e desastres naturais, por exemplo, podem confluir para que uma sociedade siga por um novo rumo. Às vezes, contudo, opiniões e atos de indivíduos movidos por motivos estúpidos, associados ao oportunismo, ao preconceito e à intolerância, bastam para alterar o curso da história. O fundamentalismo islâmico — definido como uma visão totalitária e retrógrada da religião muçulmana — é um desses fenômenos alimentados por lideranças mentalmente estreitas, mas muito eficientes em atrair massas descontentes. Assim como outras formas de radicalismo religioso, ele exige que se viva sob uma interpretação literal e, portanto, originalmente “pura” dos textos sagrados.
No caso do islamismo, esse retorno às raízes refere-se ao reinado dos quatro primeiros califas, sucessores do profeta Maomé. O último deles. Ali, foi morto no ano 661 d.C., em uma disputa fratricida que resultou na corrente xiita, minoritária no Islãm, e que até hoje vive às turras com a maioria sunita. Ambas têm segmentos igualmente radicais, nos quais são chocados os ovos da serpente do terrorismo.
O fundamentalismo moderno renasceu depois de o Egito perder a guerra de 1967 para Israel. A humilhação da derrota expôs a falência do nacionalismo árabe como ideologia que pretendia, sob a liderança do governo de Gamal Abdel Nasser, unir os países da região. Com isso, os fundamentalistas egípcios, já naquele tempo sob os auspícios da Irmandade Muçulmana, ganharam força, sustentados pelas idéias de Said Qutb, morto um ano antes. Qutb afirmava que a maior parte do Oriente Médio vivia em um estado de ignorância pagã e que, para se libertarem de ideologias ocidentais como o socialismo, o capitalismo e o secularismo, os muçulmanos deviam se voltar para uma forma do Islã que dirigisse todos os aspectos da vida”, escreveu o americano Peter Bergen no livro A Guerra Mais Longa. Qutb tinha um problema pessoal com o estilo de vida ocidental: em 1949, ele estudou nos Estados Unidos e ficou incomodado com o comportamento dos americanos, os quais considerava sexualmente promíscuos. Ou seja, por ser pudico (e também por ter sido rejeitado por uma americana), odiava o Ocidente. Eis uma razão estúpida.
O renascimento do fundamentalismo escancarou-se para o mundo em 1979. Naquele ano, o xá do Irã foi derrubado em uma revolução que resultou na instauração de um estado islâmico, comandado por aiatolás. Além disso, a União Soviética invadiu o Afeganistão, a primeira ocupação militar de um país muçulmano desde a II Guerra Mundial. O Afeganistão tornou-se, assim, um pólo de atração de fundamentalistas dispostos a expulsar “infiéis” de terras islâmicas. Entre eles estava um milionário saudita chamado Osama bin Laden.
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Por Reinaldo Azevedo

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