T R A N S I ÇÃO

T R A N S I ÇÃO
Uitonius, um amigo de Júpiter.

domingo, 27 de março de 2011

O grande salão da transparência - Post 72

Para mim nada mais era inconcebível. Uma surpresa atrás das outras. Saindo daquele lugar onde eu tivera grandes revelações de como somos observados a todos os instantes, não resta dúvida que com nobres intenções, Uitonius me convidou para conhecer o salão da transparência. Me explicou que ali os milhares de companheiros que compunham a população da nave, por serem encarnados e não dispondo das mesmas possibilidades dos desencarnados, que percorriam mundos diversos pelo veículo do pensamento, eles tinham que se utilizar dum artifício para que, o mesmo pudessem fazer.

Era um enorme salão -aliás, tudo lá era enorme dado o contigente  que mantinha a nave- todo em paredes clara, lembrando o mármore, o teto formando uma enorme cúpula; na frente havia uma abertura, como se a nave, naquele local não fosse de material metálico e sim de material transparente. Esta vidraça (vamos assim definir por falta de outro termo- deveria ter uns 200m. de comprimento, por uns 30 m de altura em formato oblongado, seguindo a disposição do recinto. Por ela via-se o espaço; estrelas, planetas, tudo distante. Uitonius me explicava que ali era um dos locais de estudos, contatos e lazer. 

Não entendi muito bem aquela história, mas, continuei na expectativa. Vi muitos dos meus novos companheiros parados; não se mexiam, apenas parados; diria até, letárgicos. Uitonius apontou-me para o piso em que se destacavam circulos, de, aproximadamente 30 cm de raio, todos de material prateado. Todos estavam sobre um circulo destes. Uitonius convidou-me a ficar sobre um e postou-se em outro ao meu lado. 

-Gui, vamos conhecer um pouco deste tesouro que vocês só conseguem adivinhar pelos instrumentos  e relatórios de satélites. Projete seu pensamento para fora da nave e sigamos nesta maravilhosa aventura.

Eu queria perguntar como deveria projetar-me para fora e, mesmo antes de articular o primeiro som, vi-me no espaço. Ao meu lado, sorridente, o surpreendente amigo. Fiquei com medo ao olhar para baixo. Eu estava no meio do espaço, afinal! Uitonius acalmou-me, sorrindo.

-Me diga Uitonius, eu estou aqui mesmo ou lá dentro imaginando, que esteja aqui?

-Você não aprendeu que onde estiver seu pensamento, ali você estará? Gui, materializados que somos, não poderíamos sair pelo espaço com nosso corpo físico; Não é o seu caso, pois você deixou seu corpo material dentro dum carro, e, da mesma forma, este processo nos permite a liberdade do corpo físico, que lá na nave ficou. De ti, ficou aquela aparência que com as emanações dos fluidos do nosso companheiro te revestiram, permitindo uma tangibilidade.

-Então quer dizer que estamos como se tivessemos desencarnado ou libertos pela ação do sono reparador?

-Exatamente! A única diferença é que, no seu caso, o perispírito, próprio da Terra, te reduz a aquidade de retorno, ou seja, quando sais do corpo nas liberdades que o sono te oferece, ao retornares ao teu corpo ficam vagas impressões e idéias confusas, na maioria das vezes simbólicas ou sem sentido, mas, com este processo que estamos utilizando, creia-me, lembrarás de tudo. Percebes onde estamos?

Olhei e vi alguns planetas distantes, estrelas brilhando com mais intensidade do que estava acostumado ver.

-Gui, é hora de te libertares do atavismo orgânico que te prendeu através dos milênios; olha para tudo, mas olha em Espírito; veja a natureza com a tua natureza.

Eu me senti profundo -vocês não imaginam o que seja se sentir profundo-, eu via diferente; eu me integrava com a criação, com o Universo. Uitonius riu. Riu abertamente, pela primeira vez.

-Onde queres ir?

Eu não sabia o que responder, então apontei e disse:
-Lá.Naquele aro de fogo.

-Naquele aro de fogo ... na verdade aquele é Mercúrio que neste instante nos tira a visão total do sol e permite escapar pelas bordas os raios do Astro Rei. Nossa posição propiciava um breve eclipse. E sem nada perceber já estávamos tão próximo de Mercúrio com possibilidades de admirar, até, seus contornos e relevos. Eu estava maravilhado. Comecei a rir como o menino que vai ao circo pela primeira vez.

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