Naquela noite, após deixar meu filho em casa, resolvi dar uma caminhada pela praia. Algumas coisas -as lembranças- se misturavam porque eu emendava assuntos- e, é claro, perdia o andamento sequencial.
Eu havia relatado a ele o meu primeiro contato com a grande nave, observado os seres humanos de outros Orbes, meu encontro com Uitonius e, conhecido Fúlvia. E aquele fato mexia comigo e eu não sabia porque de Fúlvia. Porque ela quiz, tanto, me conhecer? Teriamos algum envolvimento no pretérito? Nada acontece por acaso, eu sempre acreditei nisso, e, então, decidi que na primeira oportunidade que estivesse com Uitonius, o assunto seria esclarecido.
Fui para casa ainda pensando no assunto; estava decidido a postar um novo pedacinho da minha aventura. Bem, como relatara ao meu filho eu estava em companhia de Uitonius, Flamínio e Fúlvia. Ela conversou muito comigo e, percebi até que os dois companheiros, nos deixaram sós. Ela parecia conhecer muito de minha vida. Falou de minha luta pela abolição da escravatura e até de uma escrava, ainda mocinha com que tive um rápido romance, o que ocasionou a ira duma matrona que assistia uma dama que era minha amante e decretou meu assassinato.
Eu tive vontade, naquela hora de perguntar-lhe se ela era aquela menina, mas não tive coragem. E a dúvida me acompanha até agora.
Mais tarde, com Uitonius que ciceroneava minha estada e me mostrava as outras tantas dependências da nave, tais como refeitórios, praça de lazer, átrio de convenções, centros científicos diversos (assunto que explorarei em um tópico especial), locais de refazimento, etc, me dei conta do tempo que estaria no percursso dessa epopéia. Instintivamente olhei para meu pulso, busco meu velho Condor que não troco por Rolex algum e perceber que não o tinha comigo, perguntei a Uitonius:
- Você tem idéia de quanto tempo já se passou, desde o ... -ele interrompeu-me com um largo msorriso-:
- Preocupado com o tempo?
- É, respondi, pelos meus cálculos deve ter passado uma 4 ou 5 hs. desde que tudo isso começou.- Fico preocupado com a turma lá de casa, daqui a pouco vão começar a me procurar e logo telefonando para Polícia, falei rindo!
-Não se preocupe com tempo, meu caro Gui, a mente transcende as sucessões materiais, logo transcendem a noção do tempo.
Cocei a cabeça e fiz uma cara de Deputado em primeiro mandato. Ele antecipou-se:
- Aprendemos com Einstein a idéia primária sobre a dilatação do tempo que decorre de sua Teoria da Relatividade, como também o encolhimento ou encurtamento em uma superfície linear que pela curvatura do risco de superfície podem, independente do espaço percorrido, apresentar uma quase justaposição determinante de tempo. O tempo existe contido nas energias, serva fiel da substancia mental e faz do espaço o berço de suas manifestações. O empirismo crostal se dilatou para o barionismo estelar. E o tempo abarca todas as possibilidades pois como energia é energia do Vórtice dos Universos e apresenta, em sua forma dinâmica o aspecto atemporal, diferentemente do aspecto mecânico e similar ao conceptual.
Mais uma vez cocei a cabeça e me atrevi:
- Isso quer dizer que ...?
-Isso quer dizer que se passares aqui 200 ou 300 horas em sucessão de atos e fatos materiais, teremos reservado para tanto, uma curvatura em que os pontos de partida e chegada desta linha, estejam lado a lado em uma percepção atrelada à matéria de não mais de 20 minutos.
Como diz meu neto, me permiti repiti-lo: karakas!!!
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