T R A N S I ÇÃO

T R A N S I ÇÃO
Uitonius, um amigo de Júpiter.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Fulvia - Post 67-A

Uitonius não me fez esperar. Iniciou rapidamente seu relato:

-Essa nossa querida Fulvia, em tempos diversos, teve seus destinos agregados aos teus, mas bem antes desses encontros precisamos destacar algumas particularidades de algumas de suas encarnações.

-Fulvia sempre teve aparências admiráveis e portes finos, desde os esquecidos tempos da Segunda Dinastia; algures no Egito, a linda mulher já tinha acesso a realeza como "companhia agradável" de
reis e rainhas e com fama de negociadora de escravos, adquiriiu fornecedores confiáveis. Foram diversas encarnações nesta lastimável atividade que lhe rendia poder e status. Sempre de pele alva como o leite, olhos claros e cabelos louros, só admitia a cor mais escura por conveniências; caso dos egípcios.

-A partir do Sec XI o cenário mudou e a nossa Fulvia iniciou uma série de encarnações nas tribos africanas. Sempre revoltada sem definir causas. Foi, então, trazida ao Brasil, como escrava, por traficantes, após alguns séculos, e, aqui iniciou uma série de encarnações como uma negra-escrava. Já, nessas encarnações mostrava sua melhora no campo da resignação e da justiça, injustiçada que se achava.

-Seu primeiro encontro com ela se deu, contudo, antes destes acontecimentos em que foi arrebatada por piratas traficantes; tu a conhecestes em pequena aldeia no norte da Espanha em que o valente sol
dado servindo à uma força qualquer, deparou com uma negrinha estirada, semi nua em viela, seviciada pelo estrupo criminoso. Ela foi acolhida por ti que a levou para sua casa e, com ajuda do teu filho(Uitonius), assistiram-na e por longos anos a tiveram como amada familiar.

- Em uma outra, após a conquista de um povoado, em uma das muitas guerras que participastes, era "normal" o saque e o estupro das mulheres dos vencidos e nessa ocasião tu interferistes a favor de uma senhora negra, escrava, que seria molestada pelos subordinados ávidos das mais nefastas sensações. Acolheste-a, sem mesmo saber o porque, e a mantivestes em sua casa, como fiel servidora até sua morte, sem jamais deixar de dispensar-lhe diálogos fraternos de filho órfão que fora.

- E, finalmente, já no Brasil, algures, em região do café paulista, jóvem e sonhador, integrastes movimento abolicionista. Na flor ainda não desbrochada de seus dezenove anos fostes seduzido por rica fazendeira e, inevitável se tornaram amantes. A influente dama da sociedade palaciana tinha muitos escravos e, dentre eles uma menina de dezesseis anos que te chamou atenção pela delicadeza e modos aprazíveis. Aproximaram-se e nasceu grande amizade com redundante romance. As vistas duma dama de companhia da companheira de prazeres, tudo viram e correram ao fatídico relato à sua generosa protetora.Bastou para que a ira daquela que se sentia traída, encomendassem a tua morte, sem antes sugerir em um prato de prata, o teu escalpe. A menina teve sorte idêntica com maiores resquícios de selvageria.

- Fulvia, ainda se encarnou mais três vezes no Brasil, como já te foi relatado, contudo fisicamente não houveram contatos. Ela te seguia de longe, espiritualmente, passo à passo da tua caminhada. 

Lágrimas não se fizeram tímidas. Como faz bem saber que somos amados. Como se tornam fortes os laços que os milênios não conseguem desatar. Como a Providência nos permite acordar, na hora certa. Nada mais falamos; eu e Uitonius quietos e, talvez, ele chorando também!



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