Eram 3 horas da madrugada; eu não pregara o olho. Fazia muito calor e eu resolvi ir respirar o ar marítimo; andar um pouco. Já faziam quatro dias que eu apenas aguardava acontecimentos, sem saber que tipos de acontecimentos, realmente esperava. Apenas desconfiava de alguns. Hipóteses!
Apenas me disseram que os aguardasse e eu não fazia outra coisa. O mundo fervia e eu observava.
Eu moro há 200 m. da praia; Santos possui uma orla marítima das mais lindas; são uns 8 km de jardins.
Tomei a calçada do jardim e segui rumo a ponta da praia. Muito pouca gente, como eu, transitava pelas ruas àquela hora. Alguns carros passavam acelerados.
À certa altura parei e admirei a imensidão do mar; algumas nuvens deveriam estar escondendo a Lua.
Nisso avistei uma nave ao longe. Pareceu-me pequenina.
Quase no fundo do horizonte, onde o céu encontra o mar.
Aquela visão não me causou sensação nenhuma de assombro, que teria em outras épocas.
Sabia que ali estariam, possivelmente amigos que fizera e estavam se mostrando a mim como uma mensagem de amizade; como se dissessem: "Estamos por aqui!"
Então ela iniciou uma pulsação entre o azul e o alaranjado, de forma ininterrupta e só parou quando percebi em minha mente as palavras de Uitonius a dizer-me: -Não se precipite em nada; estamos atarefados com os acontecimentos da Crosta. Você escreveu que aguardava acontecimentos; aguarde-os e logo os terá!
-A Crosta passa por momentos delicados; as paixões exacerbam sentimentos variados e, tudo isso mexe com o coletivo. Não estamos medindo esforços para que não aconteçam fatos extremos para a postura comportamental e a estabilidade do Globo, não bastasse a natureza manifestar-se instável.
-Isso tudo faz parte do processo de transição e, nós como os "sábados", procuramos, apenas minimizar as consequências naturais que ocorrem quando se troca o velho pelo novo.
Então, a nave apagou-se, desaparecendo no horizonte escuro da noite.
Voltei para meu lar. Sentira-me bem ao escutar Uitonius.
Matara a saudade!
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