T R A N S I ÇÃO

T R A N S I ÇÃO
Uitonius, um amigo de Júpiter.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Conversando francamente! - Post 118

                                                                                  
Uitonius deveria ter algo mais profundo a me falar; eu sentia isso!
Uma conversa franca; que nada deixasse de incertezas e dúvidas. Afinal ele sabia que eu iria ao fundo da questão para saber tudo, tudo mesmo que tivesse motivado a ida de um ser tão imperfeito como eu, sem projeção em campo algum da sociedade; sem influência sobre grupo ou instituição qualquer; um apolítico, contudo, um livre pensador inexpressivo, à uma experiência das mais singulares. 

Eu esperava isso dele; ele me devia isso.

E, em determinada ocasião, ainda a bordo da Segurança eu fui chamado por um de seus assessores para comparecer à sala em que Uitonius costumava fazer suas reuniões e trabalhar em seus projetos; na verdade eu não sei muito bem quais eram todas suas atribuições ou ele só as deliberava, Diretor que era.

Rapidamente me dirigi ao local determinado. Ele estava só e olhava alguns mapas estelares com profunda atenção, como se os estivesse estudando. 

Virou-se para mim e eu notei em sua fisionomia uma profunda expressão de seriedade, apesar do sorriso que expressou ao apontar-me um confortável assento.

-Gui, pedi que viesses porque sei que esperas algo mais profundo que explique tua presença entre nós, além das muitas que já te dei. Sei que você é consciente das tuas imperfeições e condutas que marcaram tua vida, não muito recomendáveis. Não só o fato da acentuada mediunidade intuitiva e auditiva que portas, bem como o fato de termos laços que nos une desde pretéritos remotos, não seriam suficientes para tal decisão. Na verdade o fator preponderante de termos escolhido a você, foi mais pela audácia e pela liberdade que dás às próprias convicções, ou seja, tu sempre ousastes e possues , dentro d'alma a necessidade de grandes realizações. Homens que se conduzem como "santos", destes, o planeta transborda. Lembra-te daquela passagem em que Marius foi acordado pelo seus discípulos porque uma tempestade se aproximava e punha em perigo o barco em que estavam, e, após repreendê-la, afastando-a repreendeu seus amigos por não terem "ousado"?

-Este é o X da questão: OUSADIA!

-Tu, em vidas passadas, comandastes e fostes comandado, articulastes estratégias e ousastes. Fostes fiel , mesmo que em erro, adquiristes uma personalidade de decisão. A sabedoria se desenvolve no bem e no mal. A moral, enfim, é consequência inexorável deste progresso. Esta trilha que é percorrida pela imperfeição leva o ser ao aperfeiçoamento. O Espírito é criado (individualidade racional com o livre arbítrio), simples e ignorante, e, a ignorância o acompanhará por longa etapa do percurso, mas as aquisições não são invalidadas. Quando o despertamento se inicia, ou seja, quando o ser que mesmo sabendo anteriormente a diferença do bem e do mal e resolve, por opção que é determinada por causas diversas, mudar o rumo ou a forma e inicia o processo da auto-transformação, ou seja o consequente  fator moral passa a influenciar seus atos, geralmente ele toma atitudes diversas; em alguns casos ele passa a se julgar um homem santo; passa a ser um falso moralista; torna-se crítico costumás dos outros que ainda permanecem onde, ontem mesmo ele se encontrava; passa , como disse Marius, a medir e julgar. -Outros, poucos... muito poucos, compreendem que o ser, todos sem exceção, percorrerão, percorrem ou percorreram as mesmas estradas do desenvolvimento. E entendem os que estão na retaguarda, entendem o que são e o que serão. E esses OUSAM. Não importa o preço dessa ousadia. 

-E tu ousas e tens ousado. Ainda que trazendo o atavismo dos vícios em tua alma, ... ousas!

-E para essa tarefa que te requisitamos vimos, com entusiasmo, grandes possibilidades de realização.

-Não te importes nem te deixes inquietar com quantos lêem ou seguem o que postas. A sabedoria é do tempo.

-A grande mensagem é a divulgação do Espírito eterno, criado por Deus para evoluir e participar da Obra; é a pluralidade das existências (reencarnações); é a certeza que não estamos sós, neste Universo e que seres superiores, zelam por nós; é a desmistificação criada pelos homens em nome de um deus antropomórfico, rebaixado às suas condições com a criação de religiões dogmáticas que só tiraram proveito da ignorância do ser, pelo método da mentira e da força.

-Eis, meu caro Gui, o que esperamos de você.
-Que escrevas não em tábuas e pergaminhos, mas da forma que hoje é mais utilizada na Terra.
-Não terás, por isso, previlégio algum. Paga nenhuma receberás por isso. Talvez a incredulidade de pessoas que te verão como um ficcionista, um escritor medíocre ou um louco.

-És um homem de idade avançada, mas,  isso não importa, porque dizem que a Obra Prima sempre ficou inacabada. 

Eu sorri e ele sorriu.

Infelizmente ou felizmente, não tinha lágrimas para chorar.

Senti que ele dizia que a tarefa estava concluida e que continuaríamos postando até a hora que devêssemos parar ou que a vida parasse.
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E para mim: "... o sobrenatural tornou-se natural. Tudo se reduziu a uma questão de conhecimento das leis que regem o Universo."
J. Herculano Pires


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