T R A N S I ÇÃO

T R A N S I ÇÃO
Uitonius, um amigo de Júpiter.

sábado, 14 de maio de 2011

Lembranças dos amigos - Post 113


Nestes dias fiquei mergulhado em lembranças daqueles novos e queridos amigos; todos estão, de certa forma, integrados na minha vida. É como se a família, sob o ponto de vista nosso, aqui da Terra, de repente se expandisse em nossos corações. 

Uma dessas novas amizade foi Lumiana, a doce venusiana que conheci em companhia de Flaminio, o meu primeiro contato; o piloto da nave que me levou à Segurança.

Eles se completavam, senti logo de início, não sei por que!

Ele me apresentou como a "querida companheira" -seriam, para nós, marido e esposa-, e estavam juntos, há algumas décadas. Juntos, eles só sorriam. Pareciam jovens namorados vivendo a primeira paixão.

Contudo, eu senti no fundo do olhar de Lumiana uma pitada de tristeza que alegria alguma consegue esconder. Flaminio, eu acho que intencionalmente, desculpou-se e alegando alguns afazeres de urgência, deixou-nos sós.

A jovem centenária com aspecto de vinte anos, tão logo ficamos a sós foi me fazendo inúmeras perguntas sobre a Terra. Percebendo que eu sentia que ela tinha objetivos maiores em seus questionamentos, ela abriu-me seu coraçãozinho apertado.

-Gui, me perdoe se te faço tantas perguntas sobre a Terra, e, na verdade, sei que você nada mais sabe do que eu que estou a todos os instantes nessa lida com a vida dos terráqueos. Eu, de forma ilusória, me sinto ligada à afetos que deixei quando encarnada na Terra. Porém, meu tempo por lá terminou e encarnei em Venus por volta do final do Sec. XVIII. Esta é a minha segunda encarnação em Venus e só, nessa segunda fui habilitada a vir integrar o efetivo da tripulação da Segurança. 

-Conversar com um terráqueo, parece que me faz voltar às minhas origens ou aos meus amados que permanecem, ainda em provas na Terra.

Eu escutava, tal qual um sacerdote em confissão auricular, sem nada dizer; apenas percebendo uma lágrima cristalina que se deixou rolar pela face de minha nova amiga. De alguma forma eu a confortava, ...não sei a razão.

-Pois é, meu amigo Gui, vivi na Terra até o ano de 1755, quando desencarnei e fui chamada para habitar o meu novo lar, Venus. Deixei na Terra dois Espíritos queridos que foram por diversas encarnações meus filhos. A moça, hoje é uma dedicada servidora da área médica; Espírito virtuoso  e desprendido de valores perecíveis; contudo o rapaz, por mais nos esforcemos, seu instrutor e eu ,  não conseguimos fazê-lo progredir. Sempre foi dado ao jogo e à prostituição e, não raras vezes aos furtos e trapaças. Encarnou-se em caráter de resgate como surdo e mudo e abandonado pela família cresceu em orfanato de baixa qualidade. Vive, hoje, a esmolar pelas ruas, desprovido da audição e da fala. Em breve desencarnará e terá novas oportunidades, ainda com muitos sofrimentos. 
-Sou consciente da Lei de Ação e Reação, mas tenho sonhado tanto com meu filhinho, embalado em meu colo materno, como o fiz por diversas vezes. Sei que a Lei está atenta a tudo e tudo que recebemos é o que necessitamos para o nosso progresso. Tenho orado a Deus por ele, naqueles recantos de Uganda..

-Ele está encarnado na Uganda?

-Sim Gui ... mas isso é a mão da Providência estabelecendo o que de melhor se necessite.

Eu pensava em consolar aquela criatura e ela parecia ter profunda sabedoria. 

-Pensei até em, novamente reencarnar na Terra para recebê-lo, outra vez como filhinho, mas isso só poderia acontecer no caso de eu ter uma missão específica na Terra, ... quem sabe neste Terceiro Milênio em que as imigrações serão aceleradas eu consiga uma tarefa e venha embalá-lo, outra vez.

-Senti-me profundamente emocionado, mas sem lágrimas para expressar meus sentimentos, pois, não estava com o meu corpo físico; confesso, só o vim fazê-lo agora, meio à estas recordações.Corresponder com minhas lágrimas, a lágrima de Lumiana.


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