Sentei-me em um banco num dos muitos parques e jardins da Segurança. Sentia-me deprimido. Nunca, dantes, olhara o planeta com a visão duma real globalização. O termo globalização só me era conhecido pelas facilidades de intercâmbios imediatos e de realizações mercantis. Mas havia um outro tipo de globalização que não se fazia, muita questão de ser abordada. A miséria.
Um menino sentou-se ao meu lado, Aparentava ter uns cinco ou seis anos.Nós nos olhamos e ele me sorriu. Sorri correspondendo a gentileza.
-Não fique entristecido com as coisas que vês. Isso são etapas evolucionais; perceba-as por este ângulo. Não estou querendo que alijes do teu coração a piedade e a misericórdia pela dor que observas, mas que entendas tudo como um processo de aprendizado e resgate pelos quais todos nós passamos ou passaremos.Só assim conquistaremos o altruismo e o amor.
Olhei para aquele menino como se me perguntasse de onde vinha aquela sabedoria que eu necessitava escutar?
Ele, como se já me conhecesse, aprofundou-se:- Gui, A Lei natural é justa e tem como diretriz as reações de todas as ações que de nós se originem; nossa colheita será sempre o resultado do que plantamos, um dia. Ninguém tropeça e fere um dedo que não deveria ser ferido. Isentos desta Lei estão apenas aqueles que por amor, como anjos, caem à Terra para exemplificar e sofrer. Levanta o teu ânimo e segue no aprendizado da Vida. Dá a tua mão ao que está à tua retaguarda, mas, acima de tudo, entende o que seja retaguarda.
-Sempre haverá alguém à nossa dianteira, estendendo a mão que necessitamos.
Olhei aquele menino que me parecia de origem indiana; cabelos negros, olhos brilhantes e sorriso, sempre aberto, e, antes que se fosse, perguntei-lhe o seu nome.
-Me chamam de Pitro e outros insistem em me chamar de Tagore.
Ele tomou minha mão direita e a beijou e eu, instintivamente, beijei a sua.
Novamente em companhia daquele banco aperolado, olhei as flores. Algumas tulipas amarelas me lembravam a Índia que nem sequer sei se a conheci. Senti saudades, também não sei do que. Mas estava rindo e feliz.
Rabindranalth Tagore (Pitro)

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